O diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré se baseia na história clínica e no exame neurológico e o tratamento da Síndrome de Guillain-Barré (SGB) deve ser realizado precocemente, uma vez que estamos tratando de uma emergência médica.
Na fase inicial, várias doenças podem ser confundidas com Guillain-Barré. O diagnóstico precoce e o tratamento hospitalar da síndrome diminuem a chance de sequelas e favorecem a boa evolução a longo prazo.
Neste artigo, Dr Diego de Castro Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre o diagnóstico da síndrome de Guillain-Barré e as formas de tratamento indicadas.
Navegação pelo Artigo
O diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré baseia-se na história clínica e exame neurológico. Os exames complementares também são importantes e servem para diagnosticar os subtipos de Guillain-Barré ou outras doenças que estejam desencadeando a síndrome.
Seguindo o protocolo utilizado na Mayo Clinic, de acordo com a história e apresentação do paciente, podemos utilizar os seguintes exames para o diagnóstico de Guillain-Barré:
Em geral, todos os pacientes com suspeita de SGB devem realizar exames laboratorias gerais, como: hemograma completo e exames de sangue para glicose, eletrólitos, função renal e enzimas hepáticas. Os resultados desses exames ajudam a excluir outras causas de paralisia flácida aguda, como infecções, disfunções metabólicas ou eletrolíticas.
Exames específicos adicionais podem ser realizados para excluir a possibilidade de outras doenças que podem imitar a SGB. Testes para infecções anteriores também podem fornecer informações importantes.
Segundo pesquisa da Revista Nature, algumas doenças estão fortemente associadas a Síndrome de Guillain-Barré e podem ser excluídas por meio dos exames laboratoriais. São elas:
Leia nosso texto completo onde abordamos mais sobre as causas do Guillain-Barré.
O exame de eletroneuromiografia (ENMG ou EMG) é o exame mais importante para o diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré. A eletroneuromiografia é um exame neurofisiológico para avaliar nervos e músculos e é subdividido em 2 etapas: estudo da condução nervosa e o estudo por agulha.
Além disso, a eletroneuromiografia pode determinar de que maneira a Síndrome de Guillain Barré está afetando os nervos, o subtipo e o prognóstico da doença.
O exame de eletroneuromiografia na Síndrome de Guillain-Barré pode evidenciar alterações do tipo:
As alterações da eletroneuromiografia na Síndrome de Guillain-Barré geralmente começam a surgir com 07 dias, mas podem demorar até 3 semanas para se tornarem completamente evidentes.
Casos muito graves, com comprometimento dos músculos da respiração na fase inicial, podem demonstrar alterações na eletroneuromiografia com cerca de 03 dias, mas são exceção.
Por esse motivo, é comum pacientes realizarem a eletroneuromiografia na fase inicial e o exame vir normal. Esses pacientes devem repetir o exame com cerca de 2 a 3 semanas, tempo necessário para as alterações serem identificadas.
Neste vídeo saiba mais sobre os princípios gerais do exame de eletroneuromiografia:
A punção lombar para estudos do líquido cefalorraquidiano (líquor ou LCR) é sempre recomendada no diagnóstico da Síndrome de Guillain-Barré. Ela serve principalmente para descartar outras causas de fraqueza e deve ser realizada durante a avaliação inicial do paciente.
Você não precisa ter medo de realizar esse exame. A punção lombar é um procedimento seguro, de fácil realização e que não precisa de anestesia.
Estudos de imagem, como tomografia e ressonância magnética (RM) da medula podem ser úteis na exclusão de outros diagnósticos como:
A ultrassonografia dos nervos periféricos pode colaborar com o diagnóstico de Síndrome de Guillain-Barré, demonstrando a gravidade da inflamação da raiz nervosa no início do curso da doença.
A ressonância magnética da coluna total também pode evidenciar captação anormal de contraste e espessamento das raízes nervosas em alguns pacientes. No entanto, esses exames não são superiores a eletroneuromiografia.
Falta de ar é um sinal de gravidade no Guillain-Barré e requer observação em UTI. Testes de função pulmonar são medidas da função respiratória neuromuscular e predizem a força do diafragma e do do músculo abdominal.
Avaliações frequentes desses parâmetros devem ser realizadas para monitorar o estado respiratório e a necessidade de assistência ventilatória mecânica (aparelho de respiração). Ver abaixo sobre ventilação mecânica.
O tratamento da Síndrome de Guillain-Barré envolve:
Pacientes que demoram mais de 14 dias para procurar ajuda médica ou tem uma evolução lenta, não se beneficiam muito da terapia imunomoduladora. O próprio organismo já está controlando os danos causados pela doença.
Com menos de 14 dias de evolução, os pacientes com SGB podem precisar ser internados em um hospital para observação cuidadosa. A profilaxia para trombose venosa profunda deve ser fornecida, devido à imobilidade que pode ocorrer por alguma semanas.
Flutuações da pressão arterial, da frequência cardíaca e sinais clínicos de insuficiência respiratória devem ser monitorados, assim como sinais clínicos de dificuldade de urinar e de evacuar. Se algum desses sinais for detectado, o paciente deve ser imediatamente transferido para centros médicos especializados (UTI).
Pesquisas da Erasmus MC em Rotterdam demonstram que a imunoglobulina é um dos tratamentos mais utilizados no mundo para SGB.
Tanto a plasmaférese quanto a imunoglobulina são igualmente eficientes para o tratamento da Síndrome de Guillain-Barré. A escolha entre um tratamento e outro varia da disponibilidade nos diversos hospitais do Brasil.
Pacientes com intensa dificuldade de engolir e falta de ar, demonstram uma função pulmonar prejudicada e necessitam de intubação para sua própria proteção. A reavaliação frequente com teste de função pulmonar é fundamental. Fatores adicionais que indicam a necessidade de ventilação mecânica incluem:
Tanto a imunoglobulina quanto a plasmaferese interrompem o processo inflamatório, mas não regeneram os nervos já lesados. Para isso é necessário reabilitação intensiva.
Uma grande porcentagem de pacientes continua a ter problemas relacionados à fadiga. As sugestões de tratamento variam de exercícios leves a melhorias no sono e alívio da dor ou depressão, se houver.
Algumas complicações da Síndrome de Guillain-Barré incluem:
Os pacientes com SGB, mesmo aqueles com paralisia completa, permanecem com a consciência, visão e audição intactas. Esteja atento ao que é dito ao lado da cama e peça à equipe para explicar tudo ao paciente, para reduzir sua ansiedade.
A maioria dos pacientes apresentam boa recuperação. Cerca de 40% dos pacientes não melhoram nas primeiras 4 semanas após o tratamento. Isto não quer dizer que o tratamento seja ineficaz. Na realidade, a progressão poderia ter sido pior sem o tratamento. Nestes casos, podemos considerar a possibilidade de repetir a imunoglobulina/plasmaférese para tratamento da Síndrome de Guillain-Barré.
Dr Diego de Castro cuida de pacientes com diversas doenças neurológicas incluindo polineuropatias agudas, doenças raras e realiza o exame de eletroneuromiografia SP e eletroneuromiografia em Vitória ES. Também realiza avaliação hospitalar em pacientes internados para orientar adequado diagnóstico e tratamento da Síndrome de Guillain-Barré.
Estamos disponíveis para cuidar de você nos endereços:
Avenida Américo Buaiz, 501 – Ed. Victória Office Tower Leste, Sala 109 - Enseada do Suá, Vitória - ES, 29050-911
Tel: (27) 99707-3433
R. Itapeva, 518 - sala 901 Bela Vista - São Paulo - SP, CEP: 01332-904
Telefones: (11) 3504-4304
Posts Relacionados:
Doutor gostaria de saber quantos tempo leva uma pessoa para recuperações que está enternada e uti e gostaria de saber quantos dias vai sair da uti
Parabéns doutor Diego, tirei todas minhas dúvidas clínicas quanto ao Guillain Barre neste artigo. Hoje inicio os cuidados com um paciente nesta condição, sou terapeuta ocupacional, e essas informações me ajudaram muito a montar minha anamnese.
Que legal! Esse retorno é muito gratificante! Bom saber que irá reabilitar um paciente com Guillain-Barré de forma ainda mais efetiva. Abraço
Meu marido foi diagnóstico com a sindrome guillan barre , fiz todos exames .ele esta com dormência nas oernas e diculdade para anda .mas o neuro q acompanhou ele nao nós clereceu se ele vai precisar de um tratamento .tem mas de 1 ano com os sintomas e foi diagnósticado agora , ele precisa de um tratamento ou nao !