Segundo a Dementia Australia, o uso crônico de álcool pode resultar em uma série de problemas de saúde, incluindo uma condição conhecida como Demência Alcoólica. Também conhecida como transtorno neurocognitivo maior induzido pelo álcool, essa condição é semelhante à doença de Alzheimer e pode afetar severamente a memória, cognição e habilidades de aprendizagem.
Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre as causas e sintomas da Demência Alcoólica.
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Segundo a Alzheimer's Society, o álcool tem um efeito direto nas células cerebrais, resultando em mau julgamento, dificuldade em tomar decisões e falta de discernimento. Em alguns casos, essas condições podem evoluir para demência.
Existem três tipos principais de danos cerebrais relacionados ao álcool:
Tanto Wernicke quanto Korsakoff podem ocorrer singularmente ou em combinação, quando é chamado de síndrome de Wernicke-Korsakoff.
Encefalopatia de Wernicke e síndrome de Korsakoff são causados por danos cerebrais causados pela falta de vitamina B1.
A falta de vitamina B1 é comum em pessoas que têm transtorno de abuso de álcool. Também é comum em pessoas que não absorvem os nutrientes dos alimentos adequadamente, estão enfrentando uma doença crônica ou após a cirurgia de perda de peso (bariátrica).
A Encefalopatia de Wernicke causa danos cerebrais em partes inferiores do cérebro chamadas tálamo e hipotálamo. Já a síndrome de Korsakoff, ou psicose Korsakoff, resulta de danos permanentes em áreas do cérebro envolvidas com a memória.
A idade de início da demência relacionada ao álcool varia, mas é frequentemente vista em idosos (em torno de 40 a 50 anos). No entanto, pode ocorrer mais cedo dependendo da quantidade de álcool que uma pessoa consome.
De acordo com a Dementia UK, atualmente não está claro se o álcool tem um efeito tóxico direto nas células cerebrais, ou se o dano é devido à falta de tiamina, a vitamina B1. Acredita-se que uma combinação de razões pode levar a um comprometimento cognitivo nas pessoas com alto consumo alcoólico. Por exemplo:
Os problemas nutricionais, que muitas vezes acompanham o uso consistente do álcool, podem ser fatores contribuintes. Partes-chave do cérebro podem sofrer danos por deficiências de vitaminas, particularmente níveis acentuados de deficiência de tiamina.
A deficiência de tiamina é comum entre pessoas com transtorno do uso de álcool, já que que o álcool tem um efeito direto na absorção e uso de tiamina. E como a tiamina funciona no cérebro ajudando as células cerebrais a produzir energia a partir do açúcar, se houver uma deficiência dessa vitamina, as células cerebrais não produzem energia suficiente para funcionar corretamente.
Quem bebe quantidades excessivas de álcool durante um período de anos pode desenvolver essas condições, mas muitas pessoas não desenvolvem a condição.
Não se sabe por que alguns bebedores muito pesados desenvolvem demência, enquanto outros não. A dieta e outros fatores de estilo de vida podem desempenhar algum nível de influência.
Essas condições afetam mais comumente homens com mais de 45 anos com uma longa história de abuso de álcool, embora homens e mulheres de qualquer idade possam ser afetados. O risco aumenta claramente para quem bebe altos níveis de álcool regularmente por um longo tempo.
Conforme a National Library of Medicine, a categoria mais ampla de demência relacionada ao álcool inclui a síndrome de Wernicke-Korsakoff, bem como um tipo de demência caracterizada pelo planejamento, pensamento e julgamento prejudicados.
Os sintomas da síndrome de Wernicke-Korsakoff podem apresentar-se como:
Danos cerebrais relacionados ao álcool podem variar de pessoa para pessoa, mas geralmente os sintomas incluem:
Notavelmente, ao mesmo tempo, o indivíduo pode parecer estar em total posse de suas faculdades, capaz de:
O transtorno neurocognitivo induzido pelo álcool é uma doença progressiva, o que significa que seus sintomas geralmente acontecem em estágios e continuam a piorar — especialmente se não tratados.
Embora o esquecimento e a memória de curto prazo possam ser os primeiros sinais, uma pessoa com demência alcoólica pode passar a ter dificuldades com o funcionamento executivo (como organização e planejamento) e, em um estágio posterior, problemas com habilidades motoras.
A qualidade de vida e a expectativa de vida do indivíduo com demência relacionada ao álcool variam significativamente de pessoa para pessoa. Converse com um médico para tratar de seus sintomas e saiba como você pode gerenciar e, em alguns casos, até mesmo reverter sinais de sua doença.
Em um estágio inicial da doença, os problemas podem ser reduzidos ou revertidos se a pessoa se abster do álcool, melhorar sua dieta e suplementar vitaminas, especialmente a vitamina B1. Em nosso próximo artigo vamos explicar sobre diagnóstico e tratamento da demência alcoólica. Continue acompanhando nosso blog para saber mais.
Dr Diego de Castro cuida de pacientes com diversas doenças neurológicas. Sua trajetória conta com a experiência adquirida como neurologista da Universidade de São Paulo e como médico colaborador no ambulatório de Neurogenética e no ambulatório de Neurocirurgia Funcional do Hospital das Clínicas da USP.
Com o propósito de oferecer um atendimento de excelência e confiança, o Dr Diego de Castro realiza uma avaliação neurológica minuciosa, capaz de auxiliar na definição diagnóstica de seus sintomas e atua juntamente à equipe multidisciplinar para fornecer um tratamento eficaz a seus pacientes.
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