Segundo o NHS, uma vez diagnosticada a epilepsia refratária, a probabilidade de que as convulsões deixem de acontecer em algum momento é relativamente baixa. Principalmente se a causa para as crises for uma anormalidade estrutural no cérebro. É natural preocupar-se quando o tratamento medicamentoso não funciona para controlar suas convulsões. E para evitar as consequências de convulsões frequentes e difíceis de controlar, é importante buscar outras estratégias de Tratamento da Epilepsia Refratária.
Mas existem diversas opções que podemos utilizar a partir desse momento.
Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre o Diagnóstico e o Tratamento da Epilepsia Refratária.
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Segundo artigo publicado na Practical Neurology, é importante tentar vários medicamentos anticonvulsivos antes de considerar um diagnóstico de epilepsia refratária.
Analisando informações como o histórico médico individual e familiar do paciente, buscamos entender por que as abordagens de tratamento não conseguiram controlar as convulsões. Neste processo, podemos fazer perguntas sobre como as convulsões começaram e o que acontece com o indivíduo durante uma crise. Essas informações podem fornecer pistas sobre a origem das convulsões e sobre como podemos ajudar melhor o indivíduo.
Exames adicionais geralmente ajudam a entender por que elas as convulsões estão difíceis de controlar. Estes podem incluir:
Conforme a Epilepsy Foundation, uma variação do eletroencefalograma muito útil para o diagnóstico da epilepsia refratária é o monitoramento por vídeo durante a realização do exame.
Neste procedimento, o EEG é registrado por um período de tempo prolongado, enquanto é realizada observação contínua por vídeo. Como podemos visualizar os resultados do EEG e o comportamento registrado por vídeo simultaneamente, é possível estabelecer correlações entre as crises e as alterações observadas na atividade elétrica do cérebro.
Segundo a Mayo Clinic, quando confirmada a refratabilidade ao tratamento medicamentoso, o paciente deve ser avaliado para consideração de outras terapias.
Esta é uma modalidade terapêutica que utiliza estimulação elétrica ou magnética induzindo modificações de curto e longo prazo nos circuitos do sistema nervoso. Segundo artigo publicado na Revista Brasileira de Neuropsiquiatria, os tipos de dispositivos de neuroestimulação implantáveis que podem ser utilizados para o tratamento da epilepsia refratária são:
O estimulador do nervo vago foi aprovado na Europa em 1994, nos EUA em 1997 e no Brasil em 2000, como tratamento para epilepsias focais refratárias. No Brasil, a terapia VNS é aprovada pela ANVISA para uso em pacientes de qualquer idade, com epilepsia refratária, focal ou generalizada por dois ou mais anos.
A terapia envolve o uso de um pequeno dispositivo elétrico implantado sob a pele do peito, que envia sinais elétricos para estimular o nervo vago cervical esquerdo, levando a uma redução na frequência e/ou intensidade das crises convulsivas.
A estimulação cerebral profunda envolve o envio de impulsos elétricos para regiões profundas do cérebro, através de eletrodos implantados.
Assim como na terapia VNS, os eletrodos são conectados a um pequeno dispositivo elétrico, implantado sob a pele do peito, que modula o envio dos impulsos elétricos para o cérebro.
As regiões alvo, geralmente, são o núcleo anterior do tálamo, o núcleo mediano do tálamo ou núcleo cerebelar, mas outras regiões também podem receber o estímulo.
Conforme artigo publicado na Brain Sciences, as abordagens cirúrgicas para tratamento da epilepsia oferecem uma cura potencial ou uma melhora significativa para aqueles com convulsões de início focal que se mostraram resistentes a medicamentos.
De forma geral, se um indivíduo tem convulsões que se originam em uma área claramente identificável do cérebro, a remoção dessa região cerebral pode evitar que novas convulsões aconteçam.
Também é possível romper os caminhos nervosos que promovem impulsos de convulsão. Um exemplo é a calosotomia de Corpus, uma cirurgia para remover os nervos que conectam os lados direito e esquerdo do cérebro, em pessoas que experimentam atividade cerebral anormal que se espalha de um lado do cérebro para o outro.
Para identificar a possibilidade de sucesso no controle das convulsões, uma avaliação pré-cirúrgica minuciosa deve ser realizada. Este processo inclui:
Em geral, uma ressecção completa da região do cérebro que origina as convulsões proporciona melhores resultados, mas os riscos de déficits pós-operatórios aumentariam com a extensão da ressecção. Portanto, o quanto será removido durante a cirurgia deve ser ponderado, levando tais riscos em consideração e de forma individualizada em todos os casos.
Pode ser difícil conviver com a epilepsia refratária. Você pode não ser capaz de dirigir, trabalhar ou participar de atividades que gosta por causa do risco de convulsão. Estas restrições podem trazer mudanças consideráveis em múltiplos aspectos do seu estilo de vida.
É importante desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis, para que você possa continuar desfrutando da sua vida até encontrar tratamentos que reduzam sua frequência de convulsões.
Veja, a seguir algumas recomendações, disponibilizadas na revista European Neurology:
Algumas pesquisas mostraram que a dieta cetogênica pode diminuir a frequência de convulsões para algumas pessoas. Esta é uma dieta rica em gordura, com baixos níveis de carboidrato e, por este motivo, envolve um monitoramento rigoroso por um nutricionista.
Apesar de quase um século de uso, os mecanismos relacionados à eficácia clínica da dieta cetogênica permanecem desconhecidos. Várias teorias têm sido propostas e uma das mais aceitas é a de que os corpos cetônicos, substâncias liberadas quando o corpo está utilizando gordura em vez de carboidrato como combustível, podem ter efeitos protetores para o cérebro.
Temos um artigo aqui no blog que aborda exclusivamente a dieta cetogênica para tratamento da epilepsia.
Convulsões são sensíveis aos padrões de sono. Quando as pessoas com epilepsia não dormem bem, é mais provável que tenham convulsões.
É importante desenvolver hábitos consistentes de sono, dormir pelo menos oito horas todas as noites e ir para a cama e levantar-se no mesmo horário todos os dias.
A epilepsia não só afeta você fisicamente através de convulsões, mas também pode afetá-lo emocionalmente, levando a sentimentos de tristeza, ansiedade ou mesmo raiva. E o estresse também pode desencadear convulsões.
Se você notar sintomas de depressão, ansiedade ou estresse em si mesmo ou em um ente querido com epilepsia, converse com seu médico sobre terapêuticas que podem ajudar.
O tratamento, realizado através de psicoterapia, práticas de relaxamento ou meditação, ou uso de medicamentos quando necessário, não só diminuem a situação do paciente e melhoram sua qualidade de vida, mas também podem ter um efeito benéfico na ocorrência de convulsões.
Manter-se ativo é benéfico para pacientes com epilepsia e deve ser incentivado. Mas é importante escolher as atividades que serão realizadas.
Converse com seu médico sobre quais atividades e esportes são indicados para você e sua condição. Ele recomendará as práticas com base no tipo de convulsão que você tem e com que frequência ocorrem.
Além disso, tenha uma conversa aberta com os treinadores sobre sua condição e medidas de segurança, caso você tenha uma convulsão durante a participação.
Interagir com outras pessoas que também têm epilepsia pode ajudá-lo a lidar com sua condição, se sentir menos isolado e sozinho.
Seus entes queridos também são aliados importantes. Conversar com seus amigos e familiares sobre epilepsia abre caminho para a compreensão e aceitação, tanto para você quanto para eles.
Não pense em um diagnóstico de epilepsia refratária como um ponto final. Não significa que nenhum tratamento irá funcionar para seu caso. Simplesmente, você ainda não encontrou o tratamento ideal. Continue trabalhando com seu médico e cuidando da sua saúde.
Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP especialista em Distúrbios do Movimento e Neurogenética. Conhece algum paciente com epilepsia? Tem dúvidas sobre o seu caso? Estamos a disposição para uma consulta clínica e avaliação.
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Bom dia?
Achei muito interessante a matéria, uma vez que já faço tratamento há uns vinte anos, isto descoberto depois já de uma certa idade.
Pois nasci com isto mas na época não era comentado, pois era coisa do demônio.Graças que os tempos mudaram.Então gostaria muito de saber quais seriam os meus direitos uma vez que já estou com muitas medição todos estes anos, e tem pessoas que falam que posso trabalhar?