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Epilepsia Refratária - Por que, em Alguns Casos, o Tratamento não Funciona?

Dr Diego de Castro
02/02/2022
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Epilepsia refratária é um termo que utilizamos quando o tratamento com medicamentos não está controlando as convulsões. Você também pode ouvir termos como epilepsia descontrolada, intratável ou resistente a medicamentos.

Segundo a Epilepsy Foundation of America, observamos esse quadro em cerca de 1 a cada 3 casos de epilepsia, tanto em adultos quanto em crianças.

Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre as causas da Epilepsia Refratária.

Compreendendo a Epilepsia

Segundo a Mayo Clinic, convulsões são períodos de comportamento ou sensações incomuns, às vezes com perda de consciência, causados por alterações na atividade elétrica cerebral.

A epilepsia é uma doença crônica, em que ocorrem convulsões recorrentes, que não foram causadas por alguma condição médica conhecida e reversível, como a retirada de álcool ou o açúcar no sangue extremamente baixo.

Como uma convulsão é causada por atividade anormal no cérebro, pode afetar qualquer processo que seu cérebro coordene. Os sinais e sintomas convulsivos podem incluir:

  • Confusão temporária
  • Um olhar distante
  • Movimentos oculares descontrolados
  • Rigidez muscular
  • Tremores
  • Contração muscular involuntária dos braços e pernas
  • Perda de consciência
  • Queda
  • Perda de controle intestinal ou da bexiga
  • Sintomas psicológicos como medo ou ansiedade
  • Comportamento estranho (como gritar)

Os sintomas variam dependendo do tipo de convulsão ou da região cerebral afetada. Na maioria dos casos, uma pessoa com epilepsia tem o mesmo tipo de convulsão em todas as crises, com sintomas semelhantes.

As convulsões na epilepsia podem estar relacionadas a algum tipo de distúrbio cerebral ou uma tendência familiar, mas muitas vezes a causa é completamente desconhecida.

Quando Consideramos a Epilepsia Refratária

Segundo artigo publicado na Frontiers in Neurology, a epilepsia resistente a medicamentos ocorre quando uma pessoa não conseguiu se tornar (e manter-se) livre de convulsões com o uso adequado de ao menos dois ou três medicamentos anticonvulsivos. Para afirmar que a epilepsia é refratária, é necessário observar os seguintes critérios:

  • Os medicamentos devem ter sido escolhidos adequadamente para o tipo de convulsão da pessoa
  • Os medicamentos devem ser tolerados pela pessoa
  • Os medicamentos devem ser experimentados sozinhos ou em combinação com outros medicamentos para convulsões.

Porque Alguns Casos de Epilepsia não Respondem ao Tratamento

Ainda não conseguimos identificar exatamente por que algumas pessoas têm epilepsia refratária e outras não. Segundo a International League Against Epilepsy, existem quatro razões amplas para que as convulsões de uma pessoa não sejam controladas com medicamentos:

  • O diagnóstico está incorreto, ou seja, o paciente não tem epilepsia
  • O tratamento escolhido não é o mais indicado para o paciente. Os medicamentos possuem diferentes mecanismos de ação, para tratar tipos diferentes de convulsões
  • Doses inadequadas do medicamento. As pessoas apresentam respostas diferentes a medicamentos anticonvulsivos. Cada medicamento tem uma faixa de dosagem sugerida, mas uma dose que parece muito alta para alguns pacientes pode ser baixa para outros.
  • Apesar do melhor tratamento ser o escolhido, gatilhos ou fatores do estilo de vida do paciente estão afetando o controle das convulsões
  • Em alguns casos, mesmo que devidamente diagnosticadas e tratadas, as convulsões não respondem ao tratamento farmacológico.

Fatores que Dificultam o Controle das Convulsões

Conforme a Epilepsy Foundation of New England, existem alguns fatores complicadores, que podem interferir no tratamento da epilepsia, dificultando o controle das convulsões. Entre eles, podemos citar a baixa adesão ao tratamento (deixar de tomar o medicamento conforme o esquema prescrito).

Outros fatores que podem causar convulsões ou torná-las mais difíceis de controlar também podem ser diferentes em cada pessoa. Os gatilhos podem incluir:

  • Ingestão de álcool
  • Prática de exercícios
  • Luzes piscando ou certos padrões luminosos
  • Respiração intensa (hiperventilação)
  • Introdução ou retirada de certos medicamentos
  • Alterações no ciclo menstrual
  • Alterações nos padrões de sono
  • Uso de drogas recreativas
  • Estresse.
Gatilhos que podem desencadear uma convulsão
Gatilhos que podem desencadear uma convulsão

Quando não é Epilepsia Refratária

Nem todos os casos que não conseguimos controlar as convulsões são considerados resistentes a medicamentos. Por exemplo, não consideramos um caso de epilepsia refratária:

  • Se conseguimos diagnosticar a causa das convulsões, tornando possível controlar as crises com um tratamento diferente
  • Se os gatilhos ou fatores do estilo de vida podem ser evitados ou modificados, para prevenir novas convulsões
  • Quando tratamentos não medicamentosos são eficazes para ajudar a controlar convulsões.

Condições que Podem Imitar a Epilepsia Refratária

A Epilepsy Society alerta que diversos sinais e sintomas de outras condições podem imitar uma convulsão. Assim, muitos casos diagnosticados como epilepsia refratária, na verdade, não são epilepsia. Como exemplos, podemos citar:

  • Convulsões febris
  • Desmaio
  • Mini-AVC (ataque isquêmico transitório)
  • Eclampsia, uma condição perigosa sofrida por gestantes, caracterizada por um aumento repentino da pressão arterial
  • Hipoglicemia (baixo açúcar no sangue)
  • Meningite ou infecções do Sistema Nervoso Central
  • Enxaqueca
  • Distúrbios do sono, como narcolepsia
  • Distúrbios de movimento, como tiques, tremores ou distonia
  • Ataques de pânico
  • Crises psicogênicas ou dissociativas (causadas por processos mentais ou emocionais, e não por uma causa física. Esse tipo de convulsão pode acontecer quando a reação a pensamentos e sentimentos dolorosos ou difíceis afeta fisicamente o indivíduo, causando uma convulsão).

Para determinar se episódios repentinos com alteração de sensibilidade, força, comportamento ou consciência são convulsões ou uma condição imitadora, pode ser necessário um diagnóstico minuncioso, avaliando fatores como:

  • Histórico médico do paciente
  • Achados no exame físico e neurológico
  • Resultados dos exames de imagem e laboratoriais
  • Realização de um eletroencefalograma (EEG), se possível juntamente com videomonitoramento.

Uma vez diagnosticada a epilepsia refratária, a probabilidade de que as convulsões deixem de acontecer em algum momento é relativamente baixa. Principalmente se a causa para as crises for uma anormalidade estrutural no cérebro.

Para evitar as consequências de convulsões frequentes e mal controladas, é importante buscar outras estratégias de tratamento, assunto que vamos abordar em nosso próximo artigo. Continue acompanhando nosso blog para saber mais.

Dr Diego de Castro Neurologista

Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP especialista em Distúrbios do Movimento e Neurogenética. Conhece algum paciente com epilepsia? Tem dúvidas sobre o seu caso? Estamos a disposição para uma consulta clínica e avaliação.

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Dr Diego de Castro dos Santos
Neurologia - Dr Diego de Castro
Dr Diego de Castro dos Santos é Neurologista pela USP e responsável pelo Serviço de Especialidades Neurológicas – Eletroneuromiografia. Atua como neurologista em Vitória Espírito Santo ES e em São Paulo no tratamento de Dor de Cabeça, Depressão, Doença de Parkinson, Miastenia gravis e outras doenças. Também se dedica a reabilitação de pacientes com AVC, distonias e crianças com paralisia cerebral, por meio de aplicação de toxina botulínica (Botox) e neuromodulação.

One comment on “Epilepsia Refratária - Por que, em Alguns Casos, o Tratamento não Funciona?”

  1. Sou portadora de epilepsia refratária.Já fui submetida a cirurgia ressectiva com o Dr Arthur Cuckiert. Tenho implante de VNS. Tomo Lamotrigina em sua dose máxima. Nada controla.Estou desistindo!!!

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DR DIEGO DE CASTRO

Dr. Diego de Castro dos Santos
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