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Mielite Transversa

Dr Diego de Castro
08/12/2021
Dr Diego de Castro Neurologia
Autor: 
Dr. Diego de Castro dos Santos

CRM-SP 160074 / CRM-ES 11.111
Neurofisiologia clínica - RQE 74154
Neurologia - RQE 74153.
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Segundo o NINDS, mielite transversa (MT) é uma doença inflamatória rara que causa lesão na medula espinhal, gerando diferentes graus de fraqueza, alterações sensoriais e disfunção do sistema nervoso autônomo.

Embora algumas pessoas se recuperem completamente ou apenas com problemas residuais menores, o processo pode levar meses a anos. Não há cura para mielite transversa, mas existem tratamentos para prevenir ou minimizar déficits neurológicos permanentes.

Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre a Mielite Transversa, suas causas, sintomas, formas de diagnóstico e tratamento.

Compreendendo a Mielite Transversa

As fibras nervosas da medula espinhal são protegidas por uma camada de tecido gorduroso chamado mielina. A bainha de mielina se encaixa ao redor dos nervos, da mesma forma que o isolamento que cobre um fio elétrico.

Quando a mielina é danificada, os nervos também podem ser feridos, dificultando o envio de sinais para outras partes do corpo. E quando a lesão acontece com os nervos de ambos os lados de uma região da medula espinhal, a condição é denominada mielite transversa.

Esta desordem pode afetar qualquer pessoa, mas, segundo a Mayo Clinic, já conseguimos identificar alguns padrões:

  • Gênero: As mulheres estão em maior risco
  • Idade: Na maioria das vezes afeta pessoas de 10 a 19 anos e 30 a 39 anos
  • Histórico familiar: A mielite transversa não parece afetar pessoas da mesma família ou estar ligada a um defeito genético.

Causas

As possíveis causas da mielite transversa podem ser bastante variadas. Em cerca de 50% dos casos, a mielite transversa segue uma infecção. Em alguns casos, o vírus pode desencadear uma reação autoimune, mesmo sem infectar diretamente a medula espinhal. As principais condições relacionadas ao quadro de mielite transversa são:

  • Infecções virais como gripe, tuberculose, HIV, herpes simplex e varicela zoster (o vírus causador da catapora).
  • Infecções bacterianas, incluindo infecções de ouvido médio e pneumonia bacteriana.
  • Alguns cânceres - na maioria das vezes câncer de pulmão, ovário, linfático ou de mama. Em casos raros, o câncer pode desencadear uma resposta autoimune, quando o sistema imunológico ataca os próprios tecidos do corpo.
  • Distúrbios do sistema imunológico, incluindo esclerose múltipla e neuromielite ou transtorno do espectro óptico (NMOSD - sigla em inglês).
  • Outras doenças inflamatórias que afetam a medula espinhal.

Quando uma causa não pode ser identificada, chamamos de mielite transversa idiopática.

Mielite transversa

Sintomas

Conforme dados da Cleveland Clinic, a mielite transversa pode ser aguda (desenvolvendo-se durante horas a alguns dias) ou subaguda (geralmente desenvolvendo-se ao longo de uma a quatro semanas).

O segmento da medula espinhal em que ocorre o dano determina quais partes do corpo são afetadas. Danos em um segmento afetam a função desse nível para baixo. O dano da mielina ocorre mais frequentemente nos nervos na parte superior das costas.

Quatro características clássicas da mielite transversa são:

  • Fraqueza das pernas e braços. Pessoas com mielite transversa podem ter fraqueza nas pernas que progride rapidamente. Se a mielite afeta a medula espinhal superior, os sintomas também são observados nos braços. Os indivíduos podem desenvolver paralisia parcial das pernas, que pode progredir para a paraplegia (paralisia completa das pernas), exigindo que a pessoa use uma cadeira de rodas.
  • Dor. Os sintomas iniciais geralmente incluem dor lombar ou sensação de dor ou queimação que irradiam pelas pernas ou braços ou ao redor do tronco.
  • Alterações sensoriais. A mielite transversa pode causar parestesias (sensações anormais como queimação, cócegas, picadas, dormência, frieza ou formigamento) nas pernas e perda sensorial. Sensações anormais no tronco e região genital são comuns.
  • Disfunção intestinal e bexiga. Os sintomas comuns incluem frequência aumentada, incontinência ou prisão de ventre.

Outros sintomas podem incluir:

  • Espasmos musculares
  • Sensação geral de desconforto
  • Sensibilidade ao toque, ao ponto de a pressão leve da ponta dos dedos causar dor
  • Dor de cabeça
  • Febre
  • Perda de apetite
  • Problemas respiratórios.

Disfunção sexual, depressão e ansiedade também podem acontecer, mais comumente devido a mudanças no estilo de vida, estresse e dor crônica.

Uma vez que os sintomas começam, podem piorar em poucas horas. Na maioria das vezes, eles atingem o pico em 10 dias. Embora a condição não seja crônica, ela pode voltar se você tiver um histórico de doença autoimune.

Déficits neurológicos comuns resultantes de mielite transversa incluem:

  • Incontinência
  • Dor crônica
  • Fraqueza severa
  • Espasticidade
  • Paralisia.

Em alguns casos, estes podem ser permanentes.

Diagnóstico

Segundo a Mayo Clinic, quando o exame físico levar à suspeita de mielite transversa, é importante realizar alguns exames, com os seguintes objetivos:

  • Confirmar a presença de inflamação anormal dentro da medula espinhal
  • Eliminar a possibilidade de que algo além da inflamação esteja afetando a medula espinhal, por exemplo, um tumor, hérnia de disco ou uma compressão causada por um abscesso
  • Identificar a causa da inflamação anormal.

Entre os exames realizados no processo diagnóstico, estão:

  • Ressonância magnética espinhal - quase sempre confirma a presença de uma lesão na medula espinhal
  • Ressonância magnética cerebral - pode fornecer pistas para outras causas, especialmente a esclerose múltipla. Em alguns casos, a tomografia computadorizada (TC) pode ser usada para detectar inflamação.
  • Exames de sangue - podem ser realizados para descartar vários transtornos, incluindo infecção pelo HIV e deficiência de vitamina B12. O sangue também é testado para a presença de autoanticorpos (proteínas produzidas por células do sistema imunológico) que podem indicar doenças autoimunes como causa da mielite transversa.
  • Punção lombar e a análise de fluidos espinhais - pode identificar maior quantidade de proteína do que o habitual em algumas pessoas com mielite transversa e um número aumentado de glóbulos brancos, o que indica a presença de inflamação. O fluido espinhal também pode ser testado para infecções virais ou certos cânceres.

É essencial descartar a compressão da medula espinhal (por tumor, hérnia de disco, hematoma ou abscesso) como causa da mielite transversa. Em alguns casos, quando a compressão for tratada, é possível reverter a lesão neurológica na medula espinhal.

Tratamento

Conforme a National Organization for Rare Disorders, a mielite transversa é uma doença relativamente rara. Por isso, a maior parte do que sabemos sobre o tratamento para MT vem de estudos de caso ou estudos de grupos de pacientes tratados.

Na maioria dos casos, é necessária a internação para a fase aguda, devido à gravidade do transtorno. Neste momento, medicamentos corticosteroides administrados por via intravenosa é o tratamento de linha de frente, com o objetivo de reduzir o inchaço e inflamação, reduzir a atividade do sistema imunológico e acelerar a recuperação da doença.

Se esteroides não reduzirem a inflamação, o tratamento de plasmaférese pode ser recomendado. Também conhecido como terapia de troca de plasma, este método consiste em substituir o plasma do sangue, eliminando os componentes que podem estar ativando o sistema imunológico para atacar outros órgãos do corpo.

Outros tratamentos realizados durante a fase aguda incluem:

  • Medicação para dor. Dor crônica é uma complicação comum da mielite transversa. Os Medicamentos analgésicos comuns podem diminuir a dor muscular. Já a dor nervosa pode ser tratada com medicamentos antidepressivos ou anticonvulsivantes, pois eles atuam regulando os sinais nervosos no cérebro.
  • Medicação antiviral. Quando a mielite transversa é causada por uma infecção viral da medula espinhal, medicamentos antivirais são utilizados para eliminar a infecção.
  • Tratamento das complicações. Podem ser utilizadas diferentes formas de tratamento, conforme necessário, para tratar problemas como espasticidade muscular, disfunção urinária ou intestinal, depressão ou outras complicações.
  • Prevenção de Recorrência. Em casos de mielite transversa idiopática, é raro que os pacientes tenham uma recidiva. No entanto, quando é uma manifestação de outra desordem, como neuromielite óptica, esclerose múltipla, sarcoidose, lúpus, o tratamento contínuo com medicamentos que modulam ou suprimem o sistema imunológico pode ser necessário.

Cuidados a Longo Prazo

Muitos pacientes com mielite transversa necessitam de cuidados e processos de reabilitação para prevenir complicações e melhorar suas habilidades funcionais. Segundo o Hospital Johns Hopkins, é importante iniciar a terapia precocemente, para evitar problemas relacionados à inatividade e perda de amplitude de movimento.

Embora a reabilitação não possa reverter os danos físicos resultantes da mielite transversa, ela pode mesmo aquelas pessoas com paralisia grave a se tornarem mais independentes e alcançarem a melhor qualidade de vida possível.

Uma equipe multidisciplinar pode ajudar no tratamento dos deficits neurológicos duradouros ou permanentes:

  • A fisioterapia pode ajudar a reter a força e flexibilidade muscular, melhorar a coordenação, reduzir a espasticidade, melhorar o controle sobre a bexiga e a função intestinal e aumentar o movimento das articulações.
  • A terapia ocupacional ensina novas maneiras de manter ou reconstruir sua independência em tarefas como tomar banho, vestir-se, preparar refeições e limpar a casa.
  • A psicoterapia proporciona estratégias e ferramentas para lidar com o estresse e as emoções associadas à condição e desenvolver comportamentos que ajudem em sua qualidade de vida.

É difícil prever o curso da mielite transversa. Embora a maioria das pessoas tenha pelo menos recuperação parcial, pode levar um ano ou mais. A maior parte da recuperação ocorre nos primeiros três meses após o episódio e depende fortemente da causa.

Dr Diego de Castro Neurologista

Dr Diego de Castro cuida de pacientes com diversas doenças neurológicas e realiza o exame de eletroneuromiografia SP e eletroneuromiografia em Vitória ES em casos complexos e condições genéticas raras.

Com o propósito de oferecer um atendimento de excelência e confiança, o Dr Diego de Castro realiza uma avaliação neurológica minuciosa, capaz de auxiliar na definição diagnóstica de seus sintomas e atua juntamente à equipe multidisciplinar para fornecer um tratamento eficaz a seus pacientes.

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Neurologia - Dr Diego de Castro
Dr Diego de Castro dos Santos é Neurologista pela USP e responsável pelo Serviço de Especialidades Neurológicas – Eletroneuromiografia. Atua como neurologista em Vitória Espírito Santo ES e em São Paulo no tratamento de Dor de Cabeça, Depressão, Doença de Parkinson, Miastenia gravis e outras doenças. Também se dedica a reabilitação de pacientes com AVC, distonias e crianças com paralisia cerebral, por meio de aplicação de toxina botulínica (Botox) e neuromodulação.
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