Segundo a Mayo Clinic, Ataxia é um distúrbio neurológico caracterizado pela falta de coordenação dos movimentos voluntários, resultante de danos ao cerebelo ou suas conexões, devido a doenças genéticas hereditárias, lesões cerebrais, doenças degenerativas, infecções ou outras causas.
Atualmente, o tratamento da ataxia é complexo e, muitas vezes, desafiador. No entanto, uma terapia que está ganhando destaque no âmbito da neuroreabilitação é a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT).
Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre os benefícios da Estimulação Magnética Transcraniana no Tratamento da Ataxia.
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Segundo a National Ataxia Foundation, a palavra "ataxia" vem da palavra grega "a" (não) + "taxis" (ordem), que em tradução significa "sem ordem ou incoordenação".
Os desafios de pessoas com ataxia relacionam-se a problemas de coordenação e equilíbrio, já que as estruturas do sistema nervoso responsáveis pela precisão do movimento estão comprometidas:
A ataxia pode acometer a precisão dos movimentos dos dedos, mãos, braços, pernas, corpo, fala e olhos. Normalmente, o equilíbrio e a coordenação são afetados primeiro. Incoordenação das mãos, braços e pernas, e a distorção da fala são outros sintomas comuns.
Existem diferentes tipos de ataxia. A classificação facilita a comunicação entre os profissionais e tem o objetivo de orientar a investigação da causa específica. Por exemplo, as ataxias podem ser:
A Estimulação Magnética Transcraniana é uma técnica não invasiva que utiliza campos magnéticos para modular a atividade elétrica do cérebro.
Durante uma sessão de EMT, uma bobina eletromagnética é colocada sobre o couro cabeludo do paciente, por meio da qual são aplicados pulsos magnéticos de curta duração.
Esses pulsos induzem correntes elétricas na região alvo do cérebro, podendo aumentar ou diminuir a atividade das células nervosas, dependendo dos parâmetros de estimulação.
De acordo com revisão publicada na Frontiers in Neurology, vários estudos têm demonstrado os efeitos positivos da EMT no tratamento de doenças neurológicas, incluindo doença de Parkinson (DP), doença de Alzheimer (DA), epilepsia, enxaqueca e esclerose múltipla.
A estimulação magnética provoca a fase tardia da plasticidade neural, estimulando a expressão gênica e aumentando a síntese de proteínas. Devido a vantagens como alta segurança, não invasividade e melhora da neuroplasticidade a longo prazo, vem sendo investigada como uma alternativa ao tratamento farmacológico de vários transtornos.
Além disso, não se espera que os pacientes se envolvam ativamente no tratamento da EMTr, eliminando preocupações sobre a adesão do paciente e compreensão das instruções.
A aplicação da Estimulação Magnética Transcraniana tem se mostrado promissora no tratamento da ataxia, visando melhorar a função cerebelar e, consequentemente, a coordenação motora dos pacientes.
Artigo publicado na Parkinsonism & Related Disorders aponta que a estimulação magnética influencia a neuroplasticidade a curto e longo prazo, tanto no córtex local sob a bobina de estimulação quanto no nível da rede em todo o cérebro, especialmente porque o cerebelo está ligado a importantes áreas relacionadas à função motora.
Acredita-se que a correção de disfunções nervosas em uma rede cerebelar leve a melhorias em locais cerebrais distantes e traga controle dos diversos sintomas presentes em um quadro de ataxia.
De acordo com a Cleveland Clinic, a estimulação magnética transcraniana baseia-se em dois princípios básicos da física: eletricidade e magnetismo. Esses dois princípios também podem funcionar cooperativamente, proporcionando os seguintes benefícios:
À medida que a pesquisa em neurociências avança em um ritmo rápido, há uma necessidade de traduzir os achados em métodos de tratamento. A EMT é um grande passo nessa direção e oferece uma abordagem terapêutica sem efeitos colaterais graves e duradouros, emergindo como uma ferramenta eficaz no manejo de diversas condições neurológicas, entre elas os diversos tipos de ataxia.
Apesar dos avanços promissores, é importante ressaltar que há desafios a serem superados, como a otimização dos protocolos de estimulação e a determinação das características ideais de tratamento para cada paciente.
Também é interessante considerar uma abordagem combinada de Estimulação Magnética Transcraniana com a prática de fisioterapia, que lança mão de estratégias compensatórias para fazer com que o paciente tenha um desempenho o mais independente possível dentro do nível funcional presente.
Pessoas cujos sintomas estão piorando com o tempo, um atendimento multidisciplinar e de longo prazo pode ajudar. Trabalhar em conjunto com outras especialidades, incluindo fisioterapia, dieta, aconselhamento genético e fonoaudiologia ajuda a identificar condições subjacentes e gerenciar sintomas.
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Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP especialista em Distúrbios do Movimento e Neurogenética.
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