

Muitos pacientes com síndrome das pernas inquietas fazem os exames de sangue e, ao ouvir que "está tudo normal", podem sentir que há algo muito errado com seu corpo. Mas na verdade, o problema pode estar em um detalhe que muitos exames de rotina não mostram com clareza: a relação entre Deficiência de Ferro e Pernas Inquietas.
Conforme artigo publicado no periódico Cureus, a relação entre a falta de ferro e a Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) é um dos pilares mais importantes do tratamento moderno. E, na verdade, não precisa ter anemia para ter deficiência de ferro cerebral.
Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica a conexão entre o ferro e a dopamina, quais são os exames específicos que você precisa realizar e quais são os valores ideais para quem sofre dessa condição.
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Segundo artigo publicado no JAMA, o ferro não tem importância apenas para o sangue; ele desempenha um papel nobre e insubstituível no sistema nervoso: ele é necessário para neurogênese, mielinização e síntese de neurotransmissores, especialmente a dopamina (o neurotransmissor responsável por controlar a sensação e organizar os movimentos das pernas).
Se os níveis de ferro caem, a produção de dopamina fica ineficiente, especialmente à noite, quando o ciclo circadiano já reduz naturalmente essa produção. O resultado é aquela sensação de "gastura", formigamento e necessidade incontrolável de mover as pernas.
Portanto, tratar a SPI sem olhar para o ferro é como tentar consertar um carro sem colocar combustível: ele simplesmente não vai andar como deveria.
Aqui está o ponto onde a maioria das pessoas se confunde. Quando fazemos um hemograma comum, olhamos para a Hemoglobina. Se ela está baixa, você tem anemia. Mas, de acordo com artigo publicado no Journal of Sleep Medicine, para o paciente com Pernas Inquietas, a anemia é o estágio final da falta de ferro. Muito antes de você ficar anêmico, seu cérebro já está sofrendo com a "baixa" desse mineral.
O cérebro é um órgão protegido. É difícil para o ferro entrar lá. Então, se os níveis no sangue estiverem apenas "normais" ou "limítrofes", o corpo prioriza o coração e os músculos, e o cérebro fica desabastecido.
É por isso que os valores de referência do laboratório muitas vezes nos enganam no contexto da SPI.
Para ter um diagnóstico real, não basta o hemograma completo. Precisamos de um perfil de ferro detalhado.
Os dois exames fundamentais para pacientes com queixa de sono e pernas inquietas são:
Os valores abaixo são diferentes do que você vê como "normal" no laudo do laboratório:

Se sua ferritina está em 40 ng/mL, o laboratório não vai marcar em negrito como "anormal", mas para o seu neurologista, isso explica por que você não dorme bem.
Uma vez identificada a deficiência (ferritina abaixo de 75 ng/mL em pacientes com sintomas), precisamos repor esse estoque. Existem basicamente duas vias:
É a forma mais comum. Geralmente usamos sais de ferro ou ferro lipossomal.
Vantagem: Fácil acesso e baixo custo
Desvantagem: A absorção pelo intestino é muito limitada e lenta. Pode levar meses para subir a ferritina de 30 para 100. Além disso, muitas pessoas sentem dor de estômago e constipação.
Se for tomar oral, tome com vitamina C (suco de laranja ou limão) e nunca junto com café ou leite, que atrapalham a absorção.
Esta tem sido a base do tratamento moderno. Em casos onde a ferritina está muito baixa ou os sintomas são muito intensos, a American Academy of Sleep Medicine recomenda que a infusão de ferro (como a carboximaltose férrica) seja a preferência.
Vantagem: Conseguimos entregar uma quantidade grande de ferro (ex: 1000mg) diretamente no sangue, pulando o intestino. Isso eleva a ferritina rapidamente, muitas vezes aliviando os sintomas em poucas semanas.
Para quem é: Pacientes que não toleram o ferro oral, que não tiveram resultado com comprimidos ou que precisam de alívio rápido.
A mensagem que queremos deixar hoje é de esperança e empoderamento. A Síndrome das Pernas Inquietas não é uma sentença de noites em claro para o resto da vida. Muitas vezes, a solução não está em aumentar a dose do remédio para dormir, mas sim em corrigir a base metabólica do seu corpo: o ferro.
Se você se identificou com os sintomas, converse com seu médico. Leve este conhecimento sobre a importância da Ferritina acima de 75 ng/mL. Buscar atendimento médico especializado para interpretar esses exames sob a ótica da Neurologia do Sono é o passo fundamental para que você possa, finalmente, descansar.
Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP e cuida de pacientes com problemas do sono e outras condições neurológicas.
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