A prática de exercícios físicos, bem como todas as formas de atividade física, são um poderoso tratamento para reabilitação neurológica, além de prevenir doenças no cérebro e todo sistema nervoso. Pode parecer que não existe uma relação entre eles, mas a cada novo estudo, descobrimos mais benefícios da prática de exercícios para a saúde neurológica.
Neste artigo, Dr Diego de Castro Neurologista e Neurofisiologista pela USP explica os benefícios da atividade física para o cérebro.
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Movimentar-se permitiu a espécie humana a conquista de espaço e sobrevivência. Os seres humanos evoluíram com atividades dinâmicas como caçar, correr e escalar. De acordo com Cleveland Clinic, do ponto de vista evolutivo, o movimento é um dos fatores possivelmente associados com o desenvolvimento do córtex pré-frontal, área do cérebro responsável pelo raciocínio e pensamento.
Quando você está se exercitando, seu cérebro se estrutura de inúmeras maneiras:
Conforme você entenderá abaixo, os benefícios da atividade física para o cérebro são:
Segundo US National Libray Medicine, o principal efeito da atividade física sobre o cérebro está em fortalecer um evento microscópico denominado neuroplasticidade.
O cérebro é flexível. As diversas conexões cerebrais (sinapses) podem ser desfeitas, refeitas ou construídas a depender dos estímulos que recebemos. Esse fenômeno de de construção de sinapses é denominado neuroplasticidade.
A neuroplasticidade é muito importante para os neurônios. Felizmente, nosso cérebro está constantemente formando novas conexões entre as células nervosas e a atividade física é um dos principais fatores a estimulá-las.
Além disso, o benefício da atividade física para o cérebro é similar ao efeito sobre os músculos. Novas sinapses se formam e as sinapses antigas são reforçadas com o movimento tornando-se mais fortes e resistentes.
Por esse motivo, o exercício aeróbico pode mudar a anatomia, a fisiologia e otimizar o funcionamento do cérebro. Tais mudanças influenciam positivamente muitos fatores neurológicos, como descrevemos abaixo.
A atividade física desencadeia uma maior conexão entre neurônios. Mais células nervosas disparam sinais elétricos quando estamos nos exercitando do que quando estamos fazendo qualquer outra coisa.
Assim, o exercício físico estimula o cérebro como um todo. Há ativação do córtex frontal, da área de funcionamento executivo e do planejamento.
Simultaneamente, ocorre aumento da liberação de neurotransmissores:
Segundo Mayo Clinic, o movimento reforça as estruturas responsáveis pelo planejamento motor. O exercício estimula o cerebelo, que coordena toda a atividade motora do corpo, como ficar em pé, segurar uma xícara ou escovar os dentes.
Quando nos exercitamos, especialmente se o exercício requer movimentos complexos, também exercitamos a área do cérebro envolvida nas funções cognitivas.
Assim ao movimentar, nosso cérebro dispara sinais ao longo da mesma rede de células relacionada a cognição, o que solidifica suas conexões.
Pesquisa de Harvard University demonstra que um grande benefício do exercício físico é a ativação do córtex pré-frontal. Essa região cerebral está envolvida em:
Nosso cérebro torna-se mais ativo quando estamos ativos. Quando estamos no piloto automático - dormindo, escovando os dentes, assistindo TV - ondas cerebrais de baixa frequência prevalecem. Ondas de alta frequência dominam quando estamos focados e processando informações.
O exercício intensifica a amplitude e a frequência das ondas cerebrais, para um estado mais alerta, melhorando a capacidade de concentrar a atenção e de mudar a atenção para outro fator.
As funções da aprendizagem e da memória estão concentradas no hipocampo, uma pequena região no centro do cérebro. As neurotrofinas constroem e mantêm o circuito celular básico do cérebro. O principal deles no hipocampo é o recém-descoberto Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF), uma proteína que estimula a formação de sinapses.
A atividade física também aciona outros fatores hormonais:
Todos esses fatores trabalham com o BDNF para melhorar o mecanismo molecular de aprendizagem. Além disso, o hormônio IGF-1 fornece o principal combustível do cérebro - glicose - aos neurônios para estimular o aprendizado.
Segundo o NHS, a atividade física é parte integral dos cuidados com saúde mental. Além de melhorar nossas habilidades cognitivas, o exercício desempenha um papel profundo em nossa saúde mental e humor.
Algumas teorias apontam que a depressão é causada, em parte, por baixos níveis de neurotransmissores chamados monoaminas, que incluem serotonina, norepinefrina e dopamina.
No exercício, nosso cérebro começa a equilibrar essas substâncias, aliviando também a ansiedade. Por esse motivo, o exercício faz parte do cuidado integral de pacientes com depressão e outros distúrbios do humor.
Todos os processos que a atividade física induz no cérebro ajudam a prevenir o declínio cognitivo à medida que envelhecemos. De acordo com com o NIH, todos os protocolos atuais de anti-envelhecimento incluem a prática de exercício físico.
Em estudos experimentais em camundongos, a atividade física induz o cérebro a criar enzimas que retiram a placa da proteína beta amiloide - substância neurotóxica que leva ao desenvolvimento do Alzheimer.
Embora a maioria dos estudos tenha se concentrado no exercício aeróbico e seus efeitos no cérebro, pesquisas recentes sugerem que todo exercício é benéfico, incluindo o treinamento de resistência.
Enquanto o exercício aeróbico aumenta os neurotransmissores, cria novos vasos sanguíneos que transmitem os fatores de crescimento e gera novas células nervosas, atividades complexas e de resistência usam todo esse material fortalecendo e expandindo as redes cerebrais.
Em outros artigos, abordamos também os benefícios da prática de atividades físicas e outros cuidados em saúde em neurologia. Para saber mais, acesse:
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