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Deficiência de Ferro e Pernas Inquietas: Quais os Exames Certos e os Valores Ideais?

Dr Diego de Castro
03/12/2025
Dr Diego de Castro Neurologia
Autor: 
Dr. Diego de Castro dos Santos

CRM-SP 160074 / CRM-ES 11.111
Neurofisiologia clínica - RQE 74154
Neurologia - RQE 74153.
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Muitos pacientes com síndrome das pernas inquietas fazem os exames de sangue e, ao ouvir que "está tudo normal", podem sentir que há algo muito errado com seu corpo. Mas na verdade, o problema pode estar em um detalhe que muitos exames de rotina não mostram com clareza: a relação entre Deficiência de Ferro e Pernas Inquietas.

Conforme artigo publicado no periódico Cureus, a relação entre a falta de ferro e a Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) é um dos pilares mais importantes do tratamento moderno. E, na verdade, não precisa ter anemia para ter deficiência de ferro cerebral.

Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica a conexão entre o ferro e a dopamina, quais são os exames específicos que você precisa realizar e quais são os valores ideais para quem sofre dessa condição.

A Importância do Ferro

Segundo artigo publicado no JAMA, o ferro não tem importância apenas para o sangue; ele desempenha um papel nobre e insubstituível no sistema nervoso: ele é necessário para neurogênese, mielinização e síntese de neurotransmissores, especialmente a dopamina (o neurotransmissor responsável por controlar a sensação e organizar os movimentos das pernas).

Se os níveis de ferro caem, a produção de dopamina fica ineficiente, especialmente à noite, quando o ciclo circadiano já reduz naturalmente essa produção. O resultado é aquela sensação de "gastura", formigamento e necessidade incontrolável de mover as pernas.

Portanto, tratar a SPI sem olhar para o ferro é como tentar consertar um carro sem colocar combustível: ele simplesmente não vai andar como deveria.

O Erro de Confundir Anemia com Deficiência de Ferro

Aqui está o ponto onde a maioria das pessoas se confunde. Quando fazemos um hemograma comum, olhamos para a Hemoglobina. Se ela está baixa, você tem anemia. Mas, de acordo com artigo publicado no Journal of Sleep Medicine, para o paciente com Pernas Inquietas, a anemia é o estágio final da falta de ferro. Muito antes de você ficar anêmico, seu cérebro já está sofrendo com a "baixa" desse mineral.

O cérebro é um órgão protegido. É difícil para o ferro entrar lá. Então, se os níveis no sangue estiverem apenas "normais" ou "limítrofes", o corpo prioriza o coração e os músculos, e o cérebro fica desabastecido.

É por isso que os valores de referência do laboratório muitas vezes nos enganam no contexto da SPI.

Quais Exames são Necessários?

Para ter um diagnóstico real, não basta o hemograma completo. Precisamos de um perfil de ferro detalhado.

Os dois exames fundamentais para pacientes com queixa de sono e pernas inquietas são:

  • Ferritina: Ela mede o "estoque" de ferro no seu corpo
  • Saturação de Transferrina: A transferrina é o elemento que carrega o ferro pelo sangue. A saturação nos diz quantos desses transportadores estão ocupados transportando ferro.

Os Valores Ideais

Os valores abaixo são diferentes do que você vê como "normal" no laudo do laboratório:

  • Para a Ferritina: O laboratório pode dizer que acima de 15 ng/mL ou 30 ng/mL está normal. Para quem tem Síndrome das Pernas Inquietas, isso é insuficiente. As diretrizes internacionais de 2024/2025 do International Restless Legs Syndrome Study Group (IRLSSG) recomendam que a ferritina esteja acima de 75 ng/mL (e idealmente acima de 100 ng/mL) para garantir que o ferro esteja conseguindo atravessar a barreira hematoencefálica.
  • Para a Saturação de Transferrina: O valor ideal deve estar acima de 20% (idealmente em torno de 20-45%). Se estiver abaixo de 20%, mesmo com ferritina "normal", indica que o transporte de ferro está ineficaz.
exames na SPI

Se sua ferritina está em 40 ng/mL, o laboratório não vai marcar em negrito como "anormal", mas para o seu neurologista, isso explica por que você não dorme bem.

Como Corrigir Esses Valores? Tratamento Oral vs. Endovenoso

Uma vez identificada a deficiência (ferritina abaixo de 75 ng/mL em pacientes com sintomas), precisamos repor esse estoque. Existem basicamente duas vias:

Reposição Oral (Comprimidos ou Gotas)

É a forma mais comum. Geralmente usamos sais de ferro ou ferro lipossomal.

Vantagem: Fácil acesso e baixo custo
Desvantagem: A absorção pelo intestino é muito limitada e lenta. Pode levar meses para subir a ferritina de 30 para 100. Além disso, muitas pessoas sentem dor de estômago e constipação.

Se for tomar oral, tome com vitamina C (suco de laranja ou limão) e nunca junto com café ou leite, que atrapalham a absorção.

Ferro Endovenoso (Na Veia)

Esta tem sido a base do tratamento moderno. Em casos onde a ferritina está muito baixa ou os sintomas são muito intensos, a American Academy of Sleep Medicine recomenda que a infusão de ferro (como a carboximaltose férrica) seja a preferência.

Vantagem: Conseguimos entregar uma quantidade grande de ferro (ex: 1000mg) diretamente no sangue, pulando o intestino. Isso eleva a ferritina rapidamente, muitas vezes aliviando os sintomas em poucas semanas.
Para quem é: Pacientes que não toleram o ferro oral, que não tiveram resultado com comprimidos ou que precisam de alívio rápido.

Em Resumo

A mensagem que queremos deixar hoje é de esperança e empoderamento. A Síndrome das Pernas Inquietas não é uma sentença de noites em claro para o resto da vida. Muitas vezes, a solução não está em aumentar a dose do remédio para dormir, mas sim em corrigir a base metabólica do seu corpo: o ferro.

Se você se identificou com os sintomas, converse com seu médico. Leve este conhecimento sobre a importância da Ferritina acima de 75 ng/mL. Buscar atendimento médico especializado para interpretar esses exames sob a ótica da Neurologia do Sono é o passo fundamental para que você possa, finalmente, descansar.

Referências

Dr Diego de Castro Neurologista e Neurofisiologista

Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP e cuida de pacientes com problemas do sono e outras condições neurológicas.

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Dr Diego de Castro dos Santos é Neurologista pela USP e responsável pelo Serviço de Especialidades Neurológicas – Eletroneuromiografia. Atua como neurologista em Vitória Espírito Santo ES e em São Paulo no tratamento de Dor de Cabeça, Depressão, Doença de Parkinson, Miastenia gravis e outras doenças. Também se dedica a reabilitação de pacientes com AVC, distonias e crianças com paralisia cerebral, por meio de aplicação de toxina botulínica (Botox) e neuromodulação.
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