Você já sentiu como se o mundo estivesse girando ao seu redor, acompanhado daquela dor de cabeça pulsante que você conhece bem? Se isso soa familiar, você pode estar lidando com algo mais complexo do que uma simples enxaqueca. A American Migraine Foundation explica que a enxaqueca vestibular é uma condição que combina sintomas aparentemente diferentes: as dores de cabeça e os problemas de equilíbrio.
Muitas pessoas passam anos sem entender o que está acontecendo, visitando diferentes médicos e recebendo diagnósticos parciais. O que mais frustra os pacientes é a sensação de que ninguém compreende completamente seus sintomas.
Mas esta condição, embora complexa, é tratável e você pode sim recuperar sua qualidade de vida. Com o diagnóstico correto e o tratamento adequado, muitas pessoas conseguem controlar tanto as crises de enxaqueca quanto os episódios de tontura. Neste artigo, Dr Diego de Castro Neurologista e Neurofisiologista pela USP explica sobre as características, causas, diagnóstico e opções de tratamento para a enxaqueca vestibular.
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Para compreender a enxaqueca vestibular, imagine seu cérebro como uma central de comando que processa informações de diferentes "departamentos". Um deles é responsável pela dor e outro pelo equilíbrio. Na enxaqueca vestibular, esses dois departamentos começam a "conversar" de forma inadequada.
Segundo o NHS, o sistema vestibular fica localizado no ouvido interno e constantemente informa ao seu cérebro sobre a posição da sua cabeça no espaço. Quando você vira a cabeça, caminha ou se levanta, esse sistema trabalha em harmonia com seus olhos e músculos para manter você equilibrado.
Na enxaqueca vestibular, as mesmas alterações neurológicas que causam a dor de cabeça também afetam esse sistema de equilíbrio. É por isso que você pode sentir tontura mesmo sem ter dor de cabeça no momento. O "defeito" está no processamento cerebral, não necessariamente no ouvido em si.
Conforme informações da Migraine Canada, a conexão acontece através de vias neurológicas compartilhadas no tronco cerebral. Nssa região do cérebro, diferentes informações se encontram e são processadas:
Quando uma crise de enxaqueca se desenvolve, essas vias podem ser ativadas simultaneamente. É como se fosse um "curto-circuito" que afeta múltiplos sistemas ao mesmo tempo.
Os sintomas da enxaqueca vestibular são únicos porque combinam características de duas condições distintas. Nem sempre eles aparecem juntos - às vezes você tem tontura sem dor de cabeça, outras vezes o contrário. Essa variabilidade é justamente o que torna o diagnóstico desafiador.
A tontura na enxaqueca vestibular não é sempre a mesma. Pode ser uma sensação de movimento (como se você estivesse em um carrossel), uma sensação de flutuação, ou até mesmo uma percepção de que os objetos ao redor estão se movendo. Cada pessoa descreve de forma diferente.
Mesmo quando a dor de cabeça não está presente, outros sintomas típicos da enxaqueca podem aparecer:
Uma característica marcante é que muitas pessoas relatam que seus sintomas pioram com mudanças climáticas, estresse ou alterações hormonais - os mesmos gatilhos conhecidos da enxaqueca tradicional.
Não existe um exame específico que confirme a condição - o diagnóstico é clínico, baseado na história dos sintomas e no exame físico detalhado. Durante a consulta, The Migraine Trust recomenda uma investigação minuciosa, com perguntas como:
- Quando começaram os sintomas?
- Existe uma relação temporal entre as crises de tontura e as dores de cabeça?
- Você tem histórico familiar de enxaqueca?
O exame físico inclui testes específicos para avaliar o sistema vestibular. Observamos os movimentos dos olhos, testamos o equilíbrio em diferentes posições e fazemos manobras que podem reproduzir os sintomas. É como fazer uma "inspeção técnica" do seu sistema de equilíbrio.
Para o diagnóstico de enxaqueca vestibular, utilizamos critérios internacionais específicos:
Embora o diagnóstico seja clínico, alguns exames podem ser necessários para descartar outras condições:
O mais importante é encontrar um profissional experiente que conheça bem essa condição. Muitas vezes, pacientes passam por vários especialistas antes de receber o diagnóstico correto.
O tratamento da enxaqueca vestibular requer uma abordagem personalizada que considere tanto os aspectos da enxaqueca quanto os sintomas vestibulares. Não existe uma receita única - o que funciona para uma pessoa pode não ser ideal para outra.
A boa notícia é que muitos dos medicamentos usados para prevenir enxaqueca também são eficazes para controlar os sintomas vestibulares. É como tratar dois problemas com uma solução integrada. Para isto, a Ménière’s Society recomenda as seguintes abordagens:
O foco principal está na prevenção das crises, já que é mais eficaz do que tratar apenas os sintomas agudos:
Esses medicamentos têm mostrado eficácia e segurança em revisões sistemáticas recentes:
Também podem ser usados os Antagonistas CGRP: Medicamentos mais modernos para enxaqueca eficazes na redução tanto da dor quanto dos sintomas vestibulares, indicados especialmente para casos que não respondem aos tratamentos convencionais.
Durante uma crise, o objetivo é aliviar rapidamente os sintomas:
As abordagens não-farmacológicas são fundamentais no tratamento:
A reabilitação vestibular merece destaque especial. É como uma "fisioterapia para o equilíbrio" que ajuda seu cérebro a se adaptar melhor às informações vestibulares. Muitos pacientes relatam melhora significativa com esses exercícios.
A enxaqueca vestibular é uma condição complexa, mas definitivamente tratável. O segredo está no diagnóstico correto e em uma abordagem terapêutica abrangente que considere todos os aspectos da condição. Com paciência e o tratamento adequado, a maioria das pessoas consegue controlar significativamente seus sintomas e retomar uma vida normal e ativa.
Se você suspeita que pode ter enxaqueca vestibular, não desista de buscar respostas. Procure um neurologista com experiência em cefaleias e distúrbios vestibulares. O diagnóstico correto pode ser o primeiro passo para recuperar sua qualidade de vida e se livrar desses sintomas que tanto incomodam. Lembre-se: você não precisa conviver com tontura e dor de cabeça como se fossem parte normal da sua rotina.
Dr. Diego de Castro é Neurologista e Neurofisiologista pela USP, especializado em condições neurológicas que causam sintomas como tontura.
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