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Neuromielite Óptica (NMO)

Dr Diego de Castro
22/12/2021
Dr Diego de Castro Neurologia
Autor: 
Dr. Diego de Castro dos Santos

CRM-SP 160074 / CRM-ES 11.111
Neurofisiologia clínica - RQE 74154
Neurologia - RQE 74153.
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Segundo a Mayo Clinic, Neuromielite Óptica (NMO) é um distúrbio do sistema nervoso central que afeta principalmente os nervos oculares (neurite óptica) e a medula espinhal (mielite). Esta condição também é conhecida como doença do espectro anti-aquaporina-4 (AQP4) ou Doença de Devic.

A neuromielite óptica ocorre quando o sistema imunológico produz um evento inflamatório grave contra as células do sistema nervoso central causando inflamação nos nervos ópticos e na medula espinhal.

Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre a Neuromielite Óptica, suas causas e sintomas, formas de diagnóstico e gerenciamento de sintomas.

Compreendendo a Neuromielite Óptica

Segundo a National Organization for Rare Disorders, a neuromielite óptica é uma doença neurológica autoimune. Em pessoas com neuromielite óptica, o sistema imunológico ataca uma proteína chamada aquaporina. Esta proteína está presente em diversas regiões do sistema nervoso, mas principalmente os nervos ópticos e a medula. Por esse motivo, a doença manifesta-se em episódios surtos de inflamação de um ou ambos os nervos ópticos e da medula espinhal.

O surto inicial da neuromielite se estabelece durante um curto período de tempo (dias ou semanas). Após esse primeiro evento pode ou não haver recorrência, com alguma recuperação da função neurológica entre eles (os períodos de remissão). O intervalo entre os ataques pode ser de semanas, meses ou anos. Sem tratamento adequado, as recaídas podem ser imprevisíveis e ainda não compreendemos totalmente o que pode causar um novo surto.

Segundo artigo publicado na Revista da Radiological Society of North America, a doença afeta pessoas de 32 e 45 anos de idade, raramente afetando crianças e idosos.As mulheres têm quatro ou cinco vezes mais chances de serem afetadas pela forma recorrente (com recaídas) do que os homens.

Alguns pacientes também apresentam histórico de doenças autoimunes na família, ou mesmo desenvolvem outras condições autoimunes como Miastenia gravis, lúpus eritematoso sistêmico (LES), doença de Sjogren ou celíaca.

Devido à semelhança de sintomas, por muito tempo, a NMO foi considerada como um tipo de esclerose múltipla. Atualmente, já compreendemos que é uma condição diferente. Apesar de alguns sintomas serem semelhantes, estes geralmente são mais graves na NMO.

Sintomas da Neuromielite Óptica

Conforme o NHS, os sintomas da neuromielite óptica são devido à neurite óptica ou mielite, ou da combinação entre elas.

A neurite óptica é inflamação do nervo óptico. Os sintomas de comprometimento do nervo óptico pela neuromielite são:

  • Dor dentro do olho
  • Dor que piora ao movimentar o olho
  • Desaturação do vermelho (ao olhar a cor vermelha esta torna-se fosca e embaçada)
  • Perda da acuidade visual (dificuldade para enxergar).

Normalmente, apenas um olho é afetado, embora em alguns casos, ambos os olhos estão envolvidos simultaneamente.

Nervo óptico
Nervo óptico

Os sintomas da neuromielite podem ocorrer predominantemente pela mielite. Neste caso, a inflamação da medula espinhal, afeta as funções motoras, sensoriais e autônomas (bexiga e intestino) abaixo de um certo nível no corpo. Os sintomas mais comuns são:

  • Dor na coluna
  • Dor nos braços e pernas (descrita como pontadas, queimação ou dormência)
  • Perda do tato do tronco e pernas
  • Fraqueza nos braços e pernas
  • Dificuldade de sustentar o tronco e manter-se sentado ou em pé
  • Espasticidade (rigidez acentuada nos músculos, com dificuldade de movimentação)
  • Espasmos musculares (contração muscular repentina e involuntária) nos braços e pernas
  • Paralisia leve a grave das pernas
  • Aumento da sensibilidade ao frio e ao calor
  • Perda de controle intestinal e bexiga
  • Disfunção sexual.

Os indivíduos afetados também podem ter dor e rigidez no pescoço, dores de cabeça ou mesmo vômitos e soluços incoercíveis.

Cada pessoa afetada pela neuromielite óptica pode observar sintomas diferentes, e estes também podem variar de leve a grave.

Diagnóstico

Segundo o Johns Hopkins Health System, o diagnóstico da neuromielite óptica baseado em:

  • Exame neurológico
  • Exames complementares especializados.

Além de revisar seu histórico médico e realizar o exame físico, seu médico pode realizar um exame neurológico, para avaliar aspectos como:

  • Facilidade para realização de movimento
  • Força muscular
  • Coordenação
  • Sensibilidade
  • Cognição (memória e pensamento)
  • Visão
  • Fala.

A avaliação de um médico oftalmologista também pode ser importante para identificar os sintomas visuais.

Os exames complementares especializados indispensáveis para o diagnóstico de neuromielite óptica são:

  • Ressonância Magnética - Este exame de imagem detecta lesões ou áreas danificadas em seu cérebro, nervos ópticos ou medula espinhal.
  • Exames de sangue - Em especial a dosagem dos autoanticorpos específicos da neuromielite (como o anti-aquaporina-4 AQP4), facilitando na diferenciação com outras condições neurológicas ou inflamatórias que imitem NMO.
  • Punção lombar (LCR) - Este teste identifica presença de células inflamatórias no sistema nervoso além de proteínas e anticorpos no fluido cefalorraquidiano, ajudando na diferenciação com a esclerose múltipla.

Outros testes podem ser utilizados a depender do caso clínico:

  • Teste de potenciais evocados, para identificar o quão bem seu cérebro responde a estímulos como sons, imagens ou toque. Esse teste ajuda a encontrar lesões ou áreas danificadas nos nervos, medula espinhal, nervo óptico, cérebro ou tronco cerebral.
  • Tomografia de Coerência Óptica - avaliar o grau de comprometimento do nervo óptico nos casos de neurite.

Tratamento

Segundo a Mayo Clinic, a neuromielite óptica não pode ser curada, mas é possível alcançar uma remissão a longo prazo, com o tratamento certo. As terapias são utilizadas com o objetivo de reverter os sintomas o quanto antes e prevenir ataques futuros.

Revertendo os Sintomas de uma Crise

No estágio inicial de uma crise, a administração por via intravenosa de um medicamento corticosteroide é realizada por cerca de cinco dias. Este tratamento é considerado uma urgência médica e no primeiro evento deve ser realizado internado.

Quando necessário, a plasmaférese, ou troca de plasma pode ser recomendada, além da terapia com esteroides.

Outros possíveis sintomas são gerenciados conforme identificados, com terapias como:

  • Utilização de analgésicos ou relaxantes musculares, para tratar a dor ou problemas musculares
  • Estimuladores da medula espinhal para ajudar a controlar a dor
  • Injeções de toxina botulínica podem ajudar no controle da espasticidade
  • Estimuladores da bexiga para comprometimentos urinários
  • Terapia física e ocupacional para pacientes com deficiência muscular ou visual.

Prevenção de Novas Crises

Para a supressão de novos surtos da neuromielite óptica, uma variedade de medicamentos imunossupressores são considerados como terapia de primeira linha. Os fármacos mais amplamente prescritos são:

  • Corticosteroides
  • Azatioprina
  • Micofenolato mofetil
  • Rituximabe

A Cleveland Clinic aponta que a NMO não parece responder bem aos medicamentos imunomodulatórios utilizados para o tratamento da esclerose múltipla e reforça a necessidade de um diagnóstico diferencial adequado, para que o tratamento mais eficaz possa ser utilizado precocemente.

Gerenciamento de Sintomas para uma Vida Melhor

A neuromielite óptica pode afetar sua visão, seus músculos e suas emoções, podendo levar a sintomas ou incapacidades duradouras. Mas mudanças no estilo de vida e diversos recursos podem ajudá-lo a viver da melhor forma possível.

Problemas de Visão

Seus problemas de visão podem melhorar depois de uma crise. Consulte um neuro-oftalmologista para o seguimento de longo prazo.

Você também pode se beneficiar de práticas de reabilitação da visão. Terapeutas especializados em problemas de visão podem ensiná-lo a fazer o melhor uso da visão que você tem. Eles também podem ensinar como usar dispositivos facilitadores.

Fraqueza

Sintomas de fraqueza, dormência ou paralisia nos braços e pernas, que acompanham um surto de NMO podem dificultar a caminhada, o trabalho ou mesmo a realização de suas atividades diárias.

Práticas de fisioterapia podem ajudá-lo com programas personalizados para fortalecer e estabilizar áreas onde você sente mais fraqueza.

Terapeutas ocupacionais podem ensinar a utilizar seus braços e pernas de forma mais eficiente e indicar o uso de dispositivos como bengalas e andadores, ou outros, para facilitar a realização de suas atividades.

Você também pode se sentir melhor se praticar exercícios regulares. Eles ajudam a aumentar a energia, fortalecer os músculos e também melhoram a fadiga, depressão e a qualidade do sono. Verifique sempre com seu médico antes de iniciar um programa de exercícios.

Controle Intestinal e da Bexiga

Quando a NMO danifica sua medula espinhal, pode afetar o funcionamento do intestino e da bexiga. Os sintomas podem variar de prisão de ventre a incontinência ou frequência aumentada.

Converse com o seu médico e fisioterapeuta sobre seus sintomas, para que eles sejam abordados de forma adequada. Algumas práticas que podem ajudar são:

  • Comer uma dieta rica em fibras
  • Beber níveis adequados de água
  • Evitar cafeína e alimentos ácidos
  • Fazer exercícios regulares

Fadiga

Pessoas com neuromielite óptica podem sentir fadiga por várias razões. Por exemplo, alguns medicamentos podem aumentar o cansaço ou problemas de dor, com o intestino ou a bexiga dificultam o sono.

Algumas técnicas para lidar com a fadiga incluem:

  • Priorize as tarefas do seu dia, realizando as mais importantes primeiro.
  • Durma o suficiente. Fale com seu médico se estiver com problemas de sono.
  • Faça pausas para descansar ao longo do dia, sempre que sentir necessidade.
  • Aceite ajuda com tarefas como cozinhar, limpar e lavar roupa.

Dor

Os danos nos nervos da neuromielite óptica podem causar dor neuropática, que se manifesta com sensações de queimação, formigamento ou dormência. Vários medicamentos tratam esse tipo de dor. Converse com seu médico para encontrar o mais adequado ao seu caso.

O calor pode desencadear dor em pessoas com NMO. Portanto, procure evitar sentir muito calor e converse com seu médico sobre a possibilidade de utilizar dispositivos de resfriamento pessoais.

Terapias alternativas como acupuntura e meditação também podem ajudar a reduzir a dor.

Efeitos Emocionais

É normal sentir tristeza quando você tem uma doença crônica. Se esses sentimentos atrapalharem sua vida diária, pode ser depressão.

Aconselhamento psicológico e medicamentos ajudam a melhorar os sintomas de depressão. Mas, além disso, manter um acompanhamento psicológico frequente é uma prática válida e recomendada, pois ajuda a lidar com sua condição da melhor maneira possível e gerenciar os sintomas emocionais assim que eles aparecem.

Dr Diego de Castro Neurologista

Dr Diego de Castro cuida de pacientes com diversas doenças neurológicas e realiza o exame de eletroneuromiografia SP e eletroneuromiografia em Vitória ES em casos complexos e condições genéticas raras.

Com o propósito de oferecer um atendimento de excelência e confiança, o Dr Diego de Castro realiza uma avaliação neurológica minuciosa, capaz de auxiliar na definição diagnóstica de seus sintomas e atua juntamente à equipe multidisciplinar para fornecer um tratamento eficaz a seus pacientes.

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Neurologia - Dr Diego de Castro
Dr Diego de Castro dos Santos é Neurologista pela USP e responsável pelo Serviço de Especialidades Neurológicas – Eletroneuromiografia. Atua como neurologista em Vitória Espírito Santo ES e em São Paulo no tratamento de Dor de Cabeça, Depressão, Doença de Parkinson, Miastenia gravis e outras doenças. Também se dedica a reabilitação de pacientes com AVC, distonias e crianças com paralisia cerebral, por meio de aplicação de toxina botulínica (Botox) e neuromodulação.
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