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Depressão na Doença de Parkinson

Dr Diego de Castro
22/03/2023
Dr Diego de Castro Neurologia
Autor: 
Dr. Diego de Castro dos Santos

CRM-SP 160074 / CRM-ES 11.111
Neurofisiologia clínica - RQE 74154
Neurologia - RQE 74153.
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Não é de surpreender que lidar com a progressão da doença de Parkinson e o agravamento dos sintomas possa levar à depressão. Mas de acordo com a Johns Hopkins Medicine e um número crescente de especialistas em Parkinson, a depressão faz parte dos sintomas não motores da doença.

Os efeitos da depressão podem se espalhar para além do indivíduo, afetando as emoções da família, amigos e cuidadores. Se não for tratada, a depressão pode até mesmo piorar os outros sintomas da doença de Parkinson e afetar os resultados do tratamento, mas com a ajuda, o apoio e o tratamento certos, é possível gerenciar a depressão e desfrutar de uma boa qualidade de vida.

Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre a Depressão na Doença de Parkinson.

O que Significa Depressão?

A depressão é geralmente diagnosticada quando você tem sentimentos de extrema tristeza ou uma sensação de "vazio" emocional por um longo tempo. É mais do que sentimentos temporários de tristeza, infelicidade ou frustração. Esses sentimentos podem afetar sua capacidade de realizar atividades do dia-a-dia.

Você pode estar deprimido se tiver um ou mais destes sintomas:

  • Falta de interesse ou prazer nas atividades habituais
  • Sentir-se para baixo ou sem esperança quase todos os dias
  • Sentir-se ansioso, constantemente preocupado ou com medo.

Se você está deprimido, também pode experimentar:

  • Dificuldade de concentração
  • Baixa energia e cansaço
  • Problemas para dormir (acordar nas primeiras horas da manhã pode ser um sinal típico) ou sono excessivo
  • Perda de apetite, geralmente ligada à perda de peso
  • Aumento do apetite e ganho de peso
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa
  • Em casos graves, pensamentos de morte ou automutilação e ideias suicidas.

Como qualquer doença, a depressão pode afetar qualquer pessoa a qualquer momento. Não é culpa de ninguém, e não é um sinal de fraqueza.

Depressão na Doença de Parkinson

A Parkinson's UK explica que alguns dos sintomas da depressão também são comuns na doença de Parkinson.

Por exemplo, muitas pessoas com Parkinson podem experimentar problemas com o sono, se sentirem cansadas e sem energia, mas isso não significa, necessariamente, que trata-se de depressão.

A fadiga, uma sensação esmagadora de cansaço, também pode ser um sintoma presente tanto no Parkinson quanto na depressão.

Flutuações de humor também podem ser comuns, devido à natureza flutuante dos sintomas de Parkinson ao longo do dia. Essas mudanças de humor não são necessariamente um sinal de depressão. Às vezes, esses sentimentos podem estar relacionados a mudanças na medicação de Parkinson.

Em alguns casos, as pessoas experimentaram depressão meses antes de notar qualquer sintoma de Parkinson.

A depressão grave pode resultar em pensamentos ou planos suicidas, perturbar o senso de realidade de uma pessoa ou tornar muito mais difícil funcionar no dia-a-dia.

Se você acha que pode estar deprimido, é muito importante falar com seu médico, para realizar um diagnóstico preciso e discutir formas de tratar este sintoma.

Causas da Depressão na Doença de Parkinson

Segundo a Parkinson's Foundation, existem várias explicações possíveis para a depressão em pessoas com Parkinson.

Algumas pesquisas sugerem que a falta de dopamina, a principal causa para os diversos sintomas de Parkinson, pode ser um gatilho para depressão, preocupação e ansiedade.

Além disso, algumas células cerebrais abaixo da substância negra (a região cerebral em que o Parkinson surge) fazem parte do mesmo circuito que está envolvido na regulação do humor. Essas células podem ser afetadas anos antes que os sintomas do movimento, como o tremor, sejam evidentes.

Também é importante notar que ser diagnosticado com Parkinson pode ser muito estressante e perturbador e a condição pode ter um impacto em todos os aspectos da vida. Por exemplo, à medida que os sintomas progridem, algumas pessoas podem achar que precisam reduzir certas atividades, especialmente as sociais. Isso pode levar à solidão e ao isolamento, o que pode aumentar o risco de depressão.

Mais geralmente, a depressão também pode estar relacionada à genética. Então, se você tem uma história familiar de depressão, é mais provável que experimente depressão.

Diagnosticando a Depressão na Doença de Parkinson

O diagnóstico pode ser difícil para pessoas com Parkinson. A depressão às vezes é erroneamente diagnosticada em pessoas que não estão deprimidas e não detectadas naqueles que estão.

Muitas vezes, a pessoa com depressão pode não reconhecer seus sintomas, por isso é importante que aqueles ao seu redor levantem suas preocupações com a pessoa ou com seu médico, para que a depressão possa ser devidamente diagnosticada e tratada.

Seu médico geralmente chegará a um diagnóstico fazendo perguntas sobre seu humor, sintomas e outros sinais. Essas questões estão relacionadas a:

  • Humor deprimido
  • Perda de interesse
  • Redução de energia
  • Diminuição do nível de atividade e autoestima
  • Presença de ideias de culpa e indignidade, pensamentos pessimistas ou sobre automutilação.

Sintomas como sono perturbado ou diminuição do apetite podem ocorrer na depressão, bem como na doença de Parkinson.

Escalas de classificação para depressão (testes que envolvem fazer perguntas cuidadosamente escolhidas e avaliar as respostas de acordo com um sistema de pontos) podem ser utilizadas para ajudar a distinguir entre dificuldades mentais e os efeitos físicos da doença de Parkinson.

Diagnosticando a Depressão na Doença de Parkinson

No entanto, essas escalas de classificação ou questionários podem oferecer indicações, mas não podem substituir um profissional experiente que faça um diagnóstico de acordo com os critérios estabelecidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V©).

Tratamento da Depressão na Doença de Parkinson

Segundo artigo publicado em Current Neurology and Neuroscience Reports, escolher a medicação certa, reduzir os níveis de estresse e fazer exercícios regulares podem desempenhar um papel vital no gerenciamento da depressão. Abordagens psicológicas e aconselhamento também podem ser importantes.

É importante lembrar que a depressão é bastante comum e pode ser efetivamente tratada. Os seguintes tratamentos e terapias podem ser eficazes:

Medicação

Seu médico precisa se certificar de que os medicamentos para o tratamento do Parkinson estão controlando os sintomas da forma mais eficaz possível. Sintomas como dor e fadiga podem contribuir para a depressão, por isso o controle eficaz dos sintomas é muito importante.

Certos medicamentos de Parkinson - infusões de levodopa, agonistas dopaminérgicos e selegilina - parecem melhorar o humor de algumas pessoas com depressão. No entanto, eles nem sempre podem ser apropriados ou suficientemente benéficos, e podem ter efeitos colaterais.

Se os medicamentos acima não são eficazes ou apropriados, o seu médico pode prescrever um antidepressivo. Uma ampla gama destes está disponível. A escolha dependerá de possíveis benefícios e efeitos colaterais, como a droga interage com outros medicamentos e como ela se adapta a você como indivíduo. Seu médico pode precisar tentar mais de um para encontrar o melhor tratamento para você.

Tratamentos Psicológicos

Um psicólogo pode ajudá-lo a se sentir mais positivo e superar sentimentos de depressão. Isso pode ser útil quando realizado juntamente ao uso de medicamentos. Às vezes, pode ser útil se o seu parceiro ou cuidador também realizar um acompanhamento psicológico.

A Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) pode ser útil para quebrar o círculo de pensamentos negativos, emoções e padrões de comportamento que cercam a depressão. A TCC é atualmente a terapia psicológica mais frequentemente aplicada para a depressão, e muitos estudos mostraram que ela é eficaz.

Um terapeuta treinado irá encorajá-lo a falar sobre como você se sente sobre si mesmo, aqueles ao seu redor e o mundo em geral, e para entender como seu comportamento afeta seus sentimentos e pensamentos.

Estimulação Magnética Transcraniana

A Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) é um tratamento aprovado pela FDA para a depressão e pode ser eficaz e seguro para a depressão na doença de Parkinson. Este procedimento não invasivo e indolor usa pulsos magnéticos breves no cérebro.

Mais pesquisas são necessárias para examinar outros benefícios potenciais da EMT para os sintomas de Parkinson, especificamente para sintomas motores, apatia, alterações cognitivas e efeitos colaterais de medicamentos. Possíveis efeitos colaterais da EMT incluem desconforto no couro cabeludo, dores de cabeça, espasmos musculares faciais (apenas durante o tratamento) e tontura.

Cuidado com Tratamentos Fitoterápicos!

Uma planta chamada erva de São João demonstrou ajudar com a depressão em geral. No entanto, seus efeitos podem interagir com alguns medicamentos de Parkinson. Por este motivo, este medicamento fitoterápico apenas pode ser utilizado depois de consultar o seu médico.

Como Ajudar em Seu Tratamento

Se você acha que pode estar deprimido, a Cleveland Clinic orienta que o primeiro passo é conversar com seu médico. Mas você também pode ajudar a si mesmo. O mais importante é tentar manter-se ativo e positivo. Abaixo estão algumas sugestões que podem ser úteis:

  • Eduque-se sobre a doença de Parkinson, sua causa e tratamento. Estar informado geralmente ajuda você a se sentir mais no controle.
  • Planeje metas de curto prazo que você pode alcançar diariamente. Fazer planos para caminhar, realizar uma tarefa ou conversar com um amigo são pequenas realizações que contribuem para um sentimento de autoestima.
  • Continue fazendo as atividades que você gosta, se possível, pois manter-se ativo pode melhorar o humor.
  • Conheça e aceite suas limitações e aceite que elas podem mudar com o tempo.
  • Tente ficar relaxado. Terapias complementares, como yoga e tai chi ou práticas de meditação podem ajudar.
  • Aceite ajuda quando precisar.
  • Entre em contato com a associação de Parkinson em sua cidade ou outros grupos de apoio.

Outras medidas de autoajuda incluem:

  • Exercício

A prática de exercício de duas a três vezes por semana, especialmente como parte de um grupo, pode ajudar com a depressão.

Um programa de exercícios estruturado também pode ser útil. Converse com seu médico sobre o que pode ser adequado para você.

  • Sono

Se você tiver problemas com o sono, certifique-se de que seu quarto seja silencioso e confortável, e vá para a cama no mesmo horário todas as noites. Evite cochilos prolongados à tarde, que podem atrapalhar ainda mais o sono noturno. Tente não comer ou beber demais antes de ir para a cama. Além disso, tente ter uma rotina regular para se levantar de manhã.

Discuta quaisquer estratégias complementares de bem-estar com o seu médico, para avaliar se há efeitos colaterais potencialmente graves, prevenir interações medicamentosas e garantir o bem-estar.

Dr Diego de Castro Neurologista & Neurofisiologista Especialista em Doença de Parkinson

Dr Diego de Castro dos Santos cuida de pessoas com Doença de Parkinson, uma doença especialmente desafiadora, tanto para o paciente quanto para a equipe que o atende.

Atualmente é neurologista colaborador do Hospital das Clínicas da USP onde atua na reabilitação neurológica na Doença de Parkinson por meio de neuromodulação (Estimulação Cerebral Profunda) e Toxina Botulínica.

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No Espírito Santo em Vitória ES, Dr Diego de Castro também realiza tratamento e atendimento especializado às pessoas com doença de Parkinson, no Serviço de Especialidades Neurológicas, em Vitória, na Enseada do Suá, próximo ao Shopping Vitória.

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Dr Diego de Castro dos Santos é Neurologista pela USP e responsável pelo Serviço de Especialidades Neurológicas – Eletroneuromiografia. Atua como neurologista em Vitória Espírito Santo ES e em São Paulo no tratamento de Dor de Cabeça, Depressão, Doença de Parkinson, Miastenia gravis e outras doenças. Também se dedica a reabilitação de pacientes com AVC, distonias e crianças com paralisia cerebral, por meio de aplicação de toxina botulínica (Botox) e neuromodulação.

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