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Hipertensão Intracraniana Idiopática

Dr Diego de Castro
01/12/2021
Dr Diego de Castro Neurologia
Autor: 
Dr. Diego de Castro dos Santos

CRM-SP 160074 / CRM-ES 11.111
Neurofisiologia clínica - RQE 74154
Neurologia - RQE 74153.
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Segundo a Mayo Clinic, a hipertensão intracraniana idiopática (HII) é um aumento da pressão em volta do cérebro. Em termo literal, a palavra "hipertensão" significa "aumento de pressão", a palavra "intracraniana" refere-se a "dentro do crânio" ou "em volta do cérebro" e o termo "idiopático" significa "sem causa aparente".

A hipertensão intracraniana idiopática causa sinais e sintomas de um tumor cerebral, mas na investigação por exames nunca é encontrado nenhum tumor. Por isso, também é chamada de pseudotumor cerebral, pseudotumor cerebri ou hipertensão intracraniana benigna.

Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre a Hipertensão Intracraniana Idiopática, suas causas, sintomas, formas de diagnóstico e tratamento.

Como a Hipertensão Intracraniana Idiopática Desenvolve-se

Esta condição acontece quando o líquido ao redor do cérebro (líquido cefalorraquidiano também chamado líquor), se acumula dentro do crânio, com aumento da pressão ao redor do cérebro. A hipertensão intracraniana idiopática causa sintomas de dor de cabeça acentuada e alteração do campo visual. Quando não tratada, pode resultar em perda visual permanente.

O cérebro e a medula espinhal estão cercados pelo líquor. Este fluido é produzido no cérebro e absorvido na corrente sanguínea a uma taxa que permite que a pressão dentro do crânio permaneça constante.

Embora o mecanismo preciso para aumento da pressão do líquor ainda não seja compreendido, estudos têm sido realizados para definir os fatores que causam a desregulação do fluxo do líquido cefalorraquidiano. A maioria das pesquisas apoia a teoria de que há aumento da produção do líquor e resistência ou obstrução para sua absorção.

Causas e Fatores de Risco

A hipertensão intracraniana idiopática ocorre sem causa conhecida. No entanto, algumas condições de saúde e medicamentos são fatores de risco bem estabelecidos, como:

  • Uso de Pílulas Anticoncepcionais
  • Antibióticos
  • Quimioterápicos utilizados no tratamento de cancer
  • Esteroides
  • Medicamentos anti-acne com altas doses de vitamina A
  • Gestação

Segundo artigo publicado na International Ophthalmology Clinics, a incidência de HII na população geral é cerca de 1 a cada 100.000. Entretanto, em mulheres jovens obesas, a incidência sobe para cerca de 20 a cada 100.000. Apesar de também ocorrer em homens e crianças, a frequência é menor. Por este motivo, a obesidade é considerada a principal causa e fator de risco da hipertensão intracraniana idiopática.

Sinais e Sintomas da Hipertensão Intracraniana Idiopática

Conforme informações do National Eye Institute, o sintoma mais comum da hipertensão intracraniana idiopática é uma dor de cabeça insuportavelmente dolorosa, contínua e frequente. A dor de cabeça é capaz de despertar o paciente do sono. Geralmente há náuseas e vômitos associados que não são aliviados por medicação.

Em alguns casos, a dor é tão intensa que o paciente precisa ser tratado no pronto-socorro com uma punção lombar, como último recurso, para aliviar temporariamente a dor de cabeça.

Outros sintomas comuns incluem:

  • Visão transitória alterada, particularmente em movimento ou ao olhar para o lado
  • Ruído intracraniano (zumbido síncronos de pulso)
  • Dor no pescoço, costas e braços
  • Dor atrás do olho
  • Intolerância ao exercício
  • Dificuldades de memória.

A alta pressão do líquor pode causar o inchaço dos nervos ópticos (papiledema). O nervo óptico transmite os sinais da retina para o cérebro. Na hipertensão intracraniana, a alteração dos nervos ópticos produz falhas no campo visual que pode progredir com dificuldade de enxergar.

A pressão intracraniana anormal também pode afetar os músculos oculares que controlam os movimentos dos olhos, produzindo visão dupla.

A maioria dos sintomas progridem na ausência de tratamento e pioram com quanto mais alta estiver a pressão.

Hipertensão Intracraniana Idiopática

Diagnóstico da Hipertensão Intracraniana Idiopática

Segundo a Mayo Clinic, o diagnóstico envolve descartar outros problemas de saúde, incluindo um tumor cerebral. É necessário avaliar seus sintomas e histórico médico, realizar um exame físico e solicitar exames complementares, como:

Exames Oculares

  • Avaliação pelo médico oftalmologista, para identificar inchaço no nervo óptico
  • Teste de campo visual, para identificar a presença de pontos cegos em sua visão
  • Tomografia de coerência óptica, um exame de imagem para medir a espessura das camadas de sua retina.

Exames de Imagem Cerebral

A ressonância magnética ou tomografia ajudam a descartar outros problemas que podem causar sintomas semelhantes, como tumores cerebrais e coágulos sanguíneos. Ela é importante para o diagnóstico diferencial.

Punção Lombar

A punção lombar é o exame mais importante para diagnóstico da hipertensão intracraniana. Este exame é realizado para medir a pressão dentro do crânio e analisar seu fluido espinhal.

Por meio de uma agulha colocada na coluna é possível obter a pressão do líquor. Esse procedimento também permite retirada do excesso de líquor, o que reduz transitoriamente a hipertensão intracraniana.

A punção lombar pode ser repetida diariamente sem danos à saúde. Nos casos graves, esse procedimento é necessário para controle da pressão e é parte integral do tratamento. Nos casos leves a punção lombar é repetida após semanas a meses para avaliar o sucesso do tratamento.

Diagnóstico Diferencial

Durante o diagnóstico, é importante diferenciar a HII de outras condições que apresentam sintomas semelhantes. Há outras causas de hipertensão intracraniana denominadas hipertensão intracraniana secundária e incluem:

  • Lesões do Sistema Nervoso Central
  • Trombose venosa cerebral
  • Malformações arteriovenosas
  • Doenças que aumentam as proteínas do fluido espinhal cerebral:
    • Síndrome de Guillain-Barre
    • Tumores intraespinais
  • Utilização de substâncias como:
    • Hormônio do crescimento
    • Tetraciclina
    • Intoxicação por vitamina A
  • Problemas de saúde:
    • Doença de Addison
    • Anemia
    • Distúrbios de coagulação sanguínea
    • Doença renal
    • Lúpus
    • Síndrome do ovário policístico
    • Apneia do sono
    • Glândulas paratireoides subativas
  • Aracnoidite
  • Meningite

A diferenciação dessas condições ocorre graças aos exames complementares como punção lombar e a ressonância.

Tratamento da Hipertensão Intracraniana Idiopática

A National Organization for Rare Disorders recomenda como tratamento da Hipertensão Intracraniana Idiopática:

  • Modificações no estilo de vida e alimentação
  • Perda de peso
  • Dieta com baixos níveis de sódio para reduzir a retenção hídrica
  • Medicamentos para reduzir a produção de líquido cefalorraquidiano e controlar o volume do líquor
  • Analgésicos para manejo da dor de cabeça
  • Corticoides em altas doses para pacientes que evoluem com casos muito graves e comprometimento visual
  • Punção lombar frequente e seriada quando a pressão intracraniana é muito elevada
  • Cirurgia em casos graves

Entre os medicamentos utilizados para reduzir a hipertensão intracraniana estão diuréticos como os inibidores da anidrase carbônica. O mais comumente usado é acetazolamida e o topiramato. Esses medicamentos diminuem a produção de líquor. Eles podem não funcionar em todos os casos ou ter efeitos colaterais em altas doses.

A acetazolamida deve ser evitada no 1º trimestre da gravidez e ser usada com cautela nos estágios posteriores da gestação.

Quando a Cirurgia é Necessária?

O objetivo do tratamento é preservar a função do nervo óptico enquanto gerenciamos a pressão intracraniana. Por este motivo, quando o tratamento farmacológico falha e a visão está em risco, a cirurgia pode ser necessária. Segundo pesquisa da Neurosurgery Review, os tipos de cirurgia indicados são:

  • Descompressão da bainha do nervo óptico - é um procedimento oftalmológico no qual uma pequena abertura é feita na bainha ao redor do nervo óptico para aliviar a compressão sobre o nervo. É eficaz na proteção da visão, mas não reduz as dores de cabeça.
  • Implantação de desvios neurocirúrgicos (Derivação Ventriculoperitoneal ou Derivação Lombar Externa) - Estes procedimentos neurocirúrgicos são realizado para drenar o fluido cefalorraquidiano para outras áreas do corpo. Estes desvios protegem a visão e reduzem bastante a dor de cabeça.

Em alguns casos, os sintomas podem voltar a ocorrer, mesmo após o tratamento. É importante realizar check-ups regulares para a monitorar a condição.

Certifique-se de manter seu médico informado sobre quaisquer mudanças repentinas que você fizer em sua rotina diária. Seu médico tem uma melhor compreensão de suas condições médicas pré-existentes, então ele será capaz de fornecer insights sobre quaisquer novos alimentos, exercícios ou suplementos que você deseja experimentar.

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Dr Diego de Castro dos Santos é Neurologista pela USP e responsável pelo Serviço de Especialidades Neurológicas – Eletroneuromiografia. Atua como neurologista em Vitória Espírito Santo ES e em São Paulo no tratamento de Dor de Cabeça, Depressão, Doença de Parkinson, Miastenia gravis e outras doenças. Também se dedica a reabilitação de pacientes com AVC, distonias e crianças com paralisia cerebral, por meio de aplicação de toxina botulínica (Botox) e neuromodulação.
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