O termo médico mononeuropatia resulta da união dos termos "mono" que quer dizer "único", "neuro" relativo a "nervo" e "patia" que significa "lesão". Assim, uma mononeuropatia é a lesão de um único nervo periférico.
Uma mononeuropatia pode acometer qualquer nervo do corpo incluindo braços, pernas, tronco, região genital e a face. Os locais mais comuns são a mão e a perna.
Neste artigo, Dr Diego de Castro Neurologista pela USP explica a mononeuropatia, suas causas, sintomas e diagnóstico.
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Segundo The University of Queensland, o sistema nervoso é dividido em 2 grandes componentes:
O sistema nervoso central é nosso cérebro e nossa medula. Essas estruturas estão protegidas pelo ossos do crânio e pelos ossos da coluna. Eles são como uma grande central do pensamento, coordenação e movimentos.
Essa grande central precisa se comunicar com os músculos, pele, articulações e órgãos como coração, rins, intestinos, bexiga etc. Cada "cabo de energia" que conecta a grande central com um órgão ou estrutura é chamado de nervo periférico. O conjunto dos nervos periféricos forma o sistema nervoso periférico.
De acordo com Rice University, um nervo periférico também é o conjunto de prolongamentos de várias células nervosas. Cada prolongamento é denominado individualmente de axônio. Como um fio que transmite a energia, ele é encapado por uma capa de gordura denominada bainha de mielina. Assim, o nervo periférico também é definido como "um conjunto de axônios que comunica um mesmo órgão e estrutura com o sistema nervoso central".
De modo geral, um nervo periférico é classificado de acordo com o tipo de informação que ele transporta:
Conforme dissemos anteriormente, a lesão de um único nervo periférico é denominada mononeuropatia. Segundo Johns Hopkins Medicine, uma mononeuropatia pode atingir qualquer um dos 41 pares de nervo do corpo humano. De modo geral os locais mais comuns são a mão ou a perna porque são nervos mais longos e mais vulneráveis a lesões.
Os nervos mais atingidos por uma mononeuropatia são:
Nervos de qualquer parte do corpo podem ser afetados incluindo no ombro, face, costelas e até na região genital.
As causas da mononeuropatia são muito variáveis. Segundo Cleveland Clinic, as causas mais comuns são:
É possível que uma mononeuropatia ocorra por uma lesão em um ponto muito específico (lesão focal) ou envolva todo o nervo (lesão difusa).
De modo geral, a lesão focal ocorre em um ponto onde o nervo está muito próximo de um osso ou articulação e há movimentos repetitivos. Com o excesso de movimento, essas estruturas podem "apertar" ou "gerar um atrito" sobre o nervo, lesionando-o. No nosso corpo, os pontos mais comuns de compressão são:
Além disso, a mononeuropatia pode ser causada por uma lesão na bainha de mielina (desmielinização) ou uma lesão direta sobre os axônios (lesão axonal).
Segundo a American Association of Neuromuscular Medicine, quando a mononeuropatia é causada por quadros inflamatórios ou infecciosos, ela recebe o nome de mononeurite. Essa condição atinge o nervo difusamente. Quando múltiplos nervos estão inflamados difusamente, o quadro é denominado mononeurite múltipla. As principais causas de mononeurite são:
Qualquer pessoa pode apresentar mononeuropatia. No entanto, alguns fatores de risco para o surgimento da condição são:
De acordo com US National Library, a mononeuropatia acarreta sintomas de:
É importante observar que cada nervo tem seu trajeto e caminho específico. Portanto, os sintomas produzidos por uma mononeuropatia obedecem a distribuição do território de cada nervo.
Os sintomas da mononeuropatia também podem ser diferentes a depender de sua gravidade. Formas leves podem apresentar sintomas de alteração de sensibilidade discreta, enquanto lesões acentuadas podem produzir grave perda de força e atrofia.
Além disso, quando o nervo é puramente motor, o único sintoma apresentado pode ser perda de força. Já nos nervos puramente sensitivos, dormências ou formigamentos podem ser a única manifestação.
Veja abaixo os sintomas de mononeuropatia mais comuns, de acordo com o nervo acometido:
Segundo a ScienceDirect, o diagnóstico de uma mononeuropatia baseia-se em:
O neurologista utilizará da história clínica e do exame neurológico para avaliar qual nervo foi acometido. Exames laboratoriais são particularmente úteis nas mononeuropatias difusas e fazem parte da investigação das mononeurites.
De todos os exames, o diagnóstico de mononeuropatia é confirmado pelo exame de eletroneuromiografia (ENMG).
Além de confirmar a presença da mononeuropatia, na eletroneuromiografia podemos avaliar o funcionamento do nervo e determinar:
Neste vídeo, descrevemos sucintamente o que é o exame de eletroneuromiografia:
Os exames de imagem, como ultrassom ou ressonância, são particularmente úteis nas lesões focais. Eles permitem estudar a anatomia da região do nervo e estruturas vizinhas. Segundo pesquisa publicada na Muscle & Nerve, esses exames permitem ainda:
De acordo com a Mayo Clinic, o tratamento da mononeuropatia depende da causa, gravidade e localização da lesão nervosa. Abaixo, descrevemos as principais abordagens terapêuticas:
Indicado quando há compressão grave ou falha no tratamento conservador. Exemplos:
Se a mononeuropatia for secundária a condições como diabetes, lúpus ou infecções, o controle da doença é essencial.
O NHS explica que o prognóstico da mononeuropatia varia conforme a causa e gravidade da lesão. Casos leves, como compressões nervosas temporárias, podem ter recuperação completa em semanas com tratamento adequado, enquanto lesões graves podem necessitar de meses de reabilitação ou até deixar sequelas permanentes.
A prevenção inclui medidas como evitar movimentos repetitivos que sobrecarreguem os nervos, controlar doenças crônicas (diabetes, hipotireoidismo) e manter um peso saudável, reduzindo o risco de compressões nervosas. Além disso, o diagnóstico precoce e o manejo multidisciplinar são essenciais para melhorar os resultados.
Dr Diego de Castro é Neurologista e Neurofisiologista pela USP e atua no diagnóstico de mononeuropatias e outras condições que afetam o nervo periférico.
Além de cuidar dessas pessoas, é referência na realização do exame de Eletroneuromiografia.
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Olá Dr. Parabéns pela excelente explanação. Gostaria de sanar uma dúvida, há 4 anos sofri uma lesão por PAF, e lesionou o nervo ulnar e passei por uma cirurgia. Já se passaram aproximadamente 4 anos e ainda continuo com redução de força na mão, dormência nas proximidades do dedo mínimo e limitações nos movimentos dos dedos. Fiz uma eletroneuromiografia que acusou a neuropatia. Esse caso se enquadra no conceito da monoparesia, eu posso ser considerado um PCD para efeitos legais?