Segundo a International Essential Tremor Foundation, Tremor Essencial (TE) é uma condição neurológica que causa um tremor rítmico das mãos, cabeça, voz, pernas ou tronco.
Tradicionalmente, o TE era visto como uma desordem relativamente benigna. No entanto, pode estar associado a uma variedade de questões psicossociais e dificultar significativamente as atividades diárias e as interações sociais.
Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre o Tremor Essencial, suas causas, sintomas, formas de diagnóstico e tratamento.
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A National Organization for Rare Disorders define tremor como um movimento involuntário e rítmico de uma parte do corpo.
Em indivíduos com tremor essencial, na maioria das vezes, o sintoma ocorre nas mãos e/ou braços. Geralmente, ambas as mãos ou braços são afetados, embora um lado do corpo seja afetado mais do que o outro. O tremor também pode afetar a cabeça (ou seja, pescoço), voz, mandíbula ou língua.
Alguns indivíduos afetados também têm uma capacidade prejudicada de coordenar movimentos voluntários (ataxia) afetando os músculos das pernas. Isso pode causar uma maneira descoordenada ou desajeitada de andar (marcha anormal).
O tremor em indivíduos com TE piora lentamente, conforme o envelhecimento. O tremor também piora com o movimento e pode ser agravado por:
Conforme a U.S. National Library of Medicine, diferentes tipos de tremor podem estar associados ao TE. Na maioria dos casos, o tremor ocorre quando os indivíduos tentam fazer movimentos voluntários (tremor cinético). Tais movimentos podem incluir tarefas simples, como:
O tremor postural também é comum nesses indivíduos. Este tipo de tremor refere-se ao movimento que ocorre enquanto um indivíduo tenta manter uma posição fixa contra a gravidade, como ao segurar os braços estendidos na frente do corpo (como quando se segura um jornal).
Alguns indivíduos têm um "tremor interno", que é descrito como uma sensação geral de agitação no corpo. Esses tremores não podem ser vistos pelos observadores.
Em casos avançados, pode ocorrer um tremor de repouso (quando o corpo está relaxado e em repouso contra a gravidade, como quando descansa o braço em uma cadeira).
Conforme a Mayo Clinic, cerca de metade dos casos de tremor essencial parecem resultar de uma mutação genética. Esta forma é referida como tremor familiar, sendo uma desordem autossômica dominante. Isso quer dizer que um gene defeituoso de apenas um pai é necessário para passar a condição.
Se você tem um pai com uma mutação genética para tremor essencial, tem 50% de chance de desenvolver o transtorno.
Outro fator de risco conhecido para tremor essencial é a idade, já que apresenta-se mais comumente em pessoas com 40 anos ou mais.
Não está claro o que causa tremor essencial em pessoas sem uma mutação genética conhecida.
Segundo artigo publicado no BMJ, diagnosticar tremores essenciais é um desafio que envolve revisar seu histórico médico, histórico familiar e sintomas e realizar um exame físico.
Não há testes médicos que, sozinhos, possam diagnosticar tremor essencial. Diagnosticá-lo muitas vezes é uma questão de descartar outras condições que podem estar causando seus sintomas. Para fazer isso, seu médico pode sugerir os seguintes exames:
Em um exame neurológico, seu médico testa o funcionamento do sistema nervoso, verificando:
Seu sangue e urina podem ser testados para tentar identificar:
Para avaliar o tremor em si, seu médico pode observar enquanto você:
Quando ainda há dúvidas sobre o tremor ser essencial ou da doença de Parkinson, pode ser realizado um exame de transporte de dopamina.
Muitas pessoas associam tremores à doença de Parkinson. A Mayo Clinic esclarece alguns pontos-chave que ajudam a diferenciar as duas condições:
Em casos mais graves, pessoas com tremor essencial podem desenvolver outros sinais e sintomas neurológicos, como uma marcha instável (ataxia) e tremor de repouso. Mas ainda assim, sintomas como rigidez e mesmo os sintomas não motores da doença de Parkinson não estão presentes.
Segundo recomendações da Mayfield Clinic, o tratamento é direcionado para os sintomas específicos que são aparentes em cada indivíduo. Alguns indivíduos com uma forma leve do transtorno podem não precisar de tratamento.
A terapia medicamentosa é a terapia de primeira linha para indivíduos que necessitam de tratamento e geralmente é iniciada quando o TE começa a interferir nas atividades diárias ou está causando um constrangimento significativo.
Os fármacos utilizados podem ser:
A resposta a várias terapias medicamentosas é altamente individualizada; o que proporciona alívio para uma pessoa pode não ajudar em nada em outra pessoa.
Injeções de botox podem ser úteis no tratamento de alguns tipos de tremores, especialmente tremores de cabeça e voz. Esta terapia pode melhorar os tremores por até três meses em cada aplicação.
Após a injeção em um músculo, a ação da toxina botulínica interrompe mensagens nervosas para os músculos. Fraqueza muscular temporária pode ser um efeito colateral deste tratamento.
Fisioterapia pode ajudar com exercícios para melhorar sua força muscular, controle e coordenação.
Terapeutas ocupacionais podem sugerir dispositivos adaptativos para reduzir o efeito de tremores em suas atividades diárias, incluindo:
A cirurgia pode ser uma opção se seus tremores forem severamente incapacitantes e você não responder às terapias menos invasivas.
Acredita-se que alguns tipos de tremores ocorrem devido à atividade cerebral anormal que é processada no tálamo. Assim, o procedimento conhecido como estimulação cerebral profunda tálâmica é a escolha cirúrgica para tratamento dos pacientes que não respondem a outras opções de tratamento.
Para reduzir ou aliviar tremores, orientações do The Johns Hopkins Hospital incluem:
Aprenda mais sobre os tremores em Neurologia, em nossos artigos:
Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP especialista em Distúrbios do Movimento, Tremores e Eletroneuromiografia.
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