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Exercícios Físicos na Miastenia Gravis

Dr Diego de Castro
07/04/2021
Dr Diego de Castro Neurologia
Autor: 
Dr. Diego de Castro dos Santos

CRM-SP 160074 / CRM-ES 11.111
Neurofisiologia clínica - RQE 74154
Neurologia - RQE 74153.
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Segundo a Mayo Clinic, a prática de exercícios é importante para manter os ossos e músculos fortes, ajudando a manter a mobilidade na população em geral. Mas, esta mesma recomendação se aplica a indivíduos com Miastenia gravis?

Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre exercícios físicos na Miastenia gravis, quais atividades são recomendadas e quais não são e orienta sobre como iniciar a prática de forma confortável e segura.

Compreendendo a Miastenia Gravis

Segundo a Myasthenia Gravis Foundation Of America, Miastenia gravis (MG) é uma doença autoimune progressiva, na qual o corpo produz anticorpos que atacam receptores na superfície muscular. Estes receptores são conhecidos como receptores de acetilcolina (AChR).

Acetilcolina é um produto químico liberado dos nervos que se liga como uma peça de quebra-cabeça em locais receptores no músculo. Esta ligação desencadeia contração muscular.

No entanto, quando os anticorpos atacam esses receptores, eles preenchem o espaço ao qual a acetilcolina normalmente se anexaria e deixa muito poucos locais para a acetilcolina se ligar.

O resultado é uma ligação muito ruim de acetilcolina nos receptores musculares; uma vez que a acetilcolina é necessária para contração muscular, isso causará contração muscular fraca.

Consequências da Inatividade na Miastenia

Conforme informações da Conquer Myasthenia, em geral, a razão pela qual o exercício exaspera sintomas em indivíduos com MG é devido à inatividade pré-existente. Uma condição como a de MG muitas vezes motiva os indivíduos a se envolverem em comportamentos mais sedentários, por medo de piorar os sintomas com exercícios.

Uma vez sedentários, os músculos ficam enfraquecidos e qualquer grau de exercício coloca estresse nos músculos e acelera a fadiga. A inatividade também pode acelerar o desenvolvimento de condições secundárias de saúde como:

  • Obesidade
  • Doença cardíaca coronariana
  • Fraqueza muscular
  • Osteoporose ou baixa densidade mineral óssea.

Prática de Exercícios na Miastenia

Uma crença comum é que o exercício é uma má escolha para indivíduos com MG. Como o uso repetido dos músculos causa fraqueza muscular, acredita-se que o exercício só trará mais fraqueza ou fadiga, exacerbando a condição.

Até o momento, ainda temos poucos estudos sobre o impacto do exercício em MG e mais pesquisas precisam ser realizadas para entender melhor essa relação. No entanto, já temos algumas evidências de que "programas de exercícios cuidadosamente prescritos e estruturados podem melhorar a capacidade aeróbica e a força muscular". Por exemplo, segundo artigo publicado em 2020 na Frontiers in Neurology, um regime regular de exercício é benéfico em doenças neuromusculares, seja aeróbica/resistência ou treinamento de força/resistência.

Este artigo recomenda que os pacientes estabeleçam um programa de exercícios com seu médico e que indivíduos com distúrbios neuromusculares e miopatias metabólicas devem combinar treinamento de força e exercício aeróbico em dias alternados, visando aumentar lentamente o número de repetições e alcançar 65% da frequência cardíaca máxima durante o treinamento aeróbico.

Importância do Exercício

Artigo publicado no Current Sports Medicine Reports aponta que exercícios de baixo impacto, como caminhada, natação e corrida leve podem realmente reduzir a fadiga em pacientes com MG. No entanto, participar de esportes competitivos ou participar de eventos de ultra-resistência não é sugerido para indivíduos com MG.

Manter o corpo ativo é uma ótima estratégia para manter a mobilidade e a função muscular, mas também para evitar complicações secundárias associadas ao comportamento sedentário.

Para a maioria das pessoas, o exercício regular leva ao:

  • Aumento da força muscular
  • Resistência e melhora da saúde cardiorrespiratória.

E o mesmo vale para indivíduos com MG. Efeitos benéficos adicionais da atividade física são:

  • Melhora do humor
  • Redução da fadiga
  • Efeitos positivos na cognição e mobilidade.

Mesmo que o exercício não possa reverter a resposta autoimune do corpo aos receptores de acetilcolina, ele manterá o organismo forte, reduzindo as chances de desenvolver condições secundárias de saúde que complicam os sintomas de MG.

Exercícios e Bem-estar na Miastenia gravis

Como Lidar com a Fadiga

Segundo artigo publicado no Journal of Neuromuscular Diseases, a capacidade de exercício em MG pode ser restrita por fraqueza muscular proximal, fatigabilidade e comprometimento na função muscular respiratória.

Ao se exercitar, os indivíduos com MG devem ser cautelosos e considerar:

  • A hora do dia em que se exercitam
  • Tipo de exercício
  • Duração do exercício
  • Ambiente em que se exercitam.

Como a fadiga é um sintoma comum de MG, indivíduos com essa condição devem se exercitar pela manhã quando tiverem mais energia e estiverem menos cansados, já que a fraqueza muscular geralmente é aumentada à noite.

Estar consciente do tempo para evitar a fadiga não se aplica apenas ao exercício, mas também aos horários alimentares de indivíduos com MG. Mastigar é essencialmente um exercício que trabalha os músculos da mandíbula. Se esses músculos experimentam muita fadiga, os indivíduos podem estar em maior risco de asfixia porque seus alimentos são inadequadamente mastigados.

Para combater isso, as refeições também devem ser planejadas com as maiores refeições do dia coincidindo com o tempo em que o indivíduo está menos cansado.

Além disso, o calor excessivo pode aumentar a fraqueza muscular, bem como outros sintomas de MG. Por este motivo, as sessões de exercícios são melhor realizadas pela manhã quando as temperaturas são mais baixas, ou em instalações internas para evitar ambientes quentes e úmidos ao ar livre.

Para garantir a segurança durante o exercício, você pode lembrar-se do mnemônico PACE:

  • P- Planejamento de atividades
  • A- Adaptação do ambiente
  • C- Conservação de energia
  • E- Estabilidade emocional (exercícios com moderação, eliminação de tarefas diárias desnecessárias).

O estudo também apontou que um programa intervencionista composto por atividade física e apoio psicológico pode ajudar a melhorar os níveis de fadiga nestes pacientes.

Recomendações

Embora não existam diretrizes definidas para intensidade, duração e carga do exercício para indivíduos com MG, um artigo publicado na New Zealand Journal of Physiotherapy aponta que exercícios regulares a moderados na forma de natação, caminhada ou esportes recreativos podem combater a fraqueza muscular.

O exercício deve ser repetido, mas realizado apenas em um nível que fique aquém da fadiga muscular.

Em uma clínica de fisioterapia, a progressão do exercício deve ser baseada nas necessidades de cada indivíduo. Alguns casos de MG são menos progressivos, o que significa que os indivíduos podem ser capazes de tolerar mais exercícios, enquanto em outras circunstâncias, menos exercício pode ser aconselhável.

Todos os exercícios de fortalecimento devem progredir de acordo com a sequência:

  1. Exercícios para enfatizar a flexibilidade
  2. Exercícios usando baixa resistência (por exemplo, faixa elástica)
  3. Exercícios de resistência total usando máquinas e pesos livres.

Uma prescrição de repetições deve ser realizada de forma distinta para cada pessoa com MG, pelo profissional de educação física / fisioterapeuta que a acompanha.

Dr Diego de Castro Neurologista

Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP, especialista em eletroneuromiografia e Miastenia gravis. Cuida de pacientes com miastenia e outras condições neurológicas raras.

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Dr Diego de Castro dos Santos é Neurologista pela USP e responsável pelo Serviço de Especialidades Neurológicas – Eletroneuromiografia. Atua como neurologista em Vitória Espírito Santo ES e em São Paulo no tratamento de Dor de Cabeça, Depressão, Doença de Parkinson, Miastenia gravis e outras doenças. Também se dedica a reabilitação de pacientes com AVC, distonias e crianças com paralisia cerebral, por meio de aplicação de toxina botulínica (Botox) e neuromodulação.
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