Com a COVID-19, os efeitos a longo prazo variam de complicações neurológicas à perda de paladar e olfato, dificuldade de concentração ("névoa cerebral") e fadiga crônica.
Outra descoberta surpreendente de vários estudos é o aumento do risco de AVC e ataque cardíaco – e não apenas para adultos mais velhos. Pessoas com menos de 50 anos também parecem estar em risco muito maior dessas complicações.
Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre a possibilidade de AVC após a COVID-19, quais são as causas e formas de prevenção e recuperação.
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De acordo com a Stroke Association, os AVCs acontecem quando o suprimento sanguíneo do cérebro é cortado, como quando ocorre um coágulo ou bloqueio sanguíneo (AVC isquêmico) ou uma artéria no cérebro se rompe (AVC hemorrágico).
Acidentes vasculares cerebrais isquêmicos são muito mais comuns do que hemorrágicos. Há três maneiras pelas quais pode ocorrer um bloqueio de uma artéria.
Segundo a Mayo Clinic, ainda estamos estudando a causa do aumento do risco. Mas já compreendemos que a COVID-19 causa uma resposta inflamatória que aumenta a viscosidade do sangue de uma pessoa. O sangue mais espesso tem maior probabilidade de coagular, e coágulos podem causar um AVC isquêmico.
Muitos dos jovens que sofrem um AVC após um diagnóstico de COVID-19 têm poucos (e às vezes nenhum) fatores de risco normalmente associados ao AVC, como pressão alta, diabetes e tabagismo.
Às vezes, o AVC não ocorre por várias semanas após um diagnóstico de COVID-19, e pode ser difícil prever quem pode estar em risco.
Artigo publicado no JAMA aponta que um vírus como o que causa a COVID-19 pode causar alterações na forma como as nossas células funcionam. Também desencadeia a resposta do nosso sistema imunológico, que produz naturalmente substâncias químicas que causam mais mudanças em como funcionamos normalmente.
Essas alterações biológicas podem aumentar o risco de formação de um coágulo sanguíneo, aumentando o risco de AVC.
Também é plausível que o aumento da coagulação no sangue possa ter sido uma complicação de um medicamento usado para tratar a COVID-19. Isso não é exclusivo da COVID-19 e foi observado em outras infecções que podem causar doenças graves.
Para pacientes que se recuperam da COVID-19 e de um AVC, há o desafio adicional de um sistema cardiorrespiratório prejudicado. Além de complicações como déficits de força, motores e equilíbrio que acompanham o AVC, o paciente também precisa lidar com problemas respiratórios, traqueostomia e outras complicações.
A recuperação do AVC é física e mentalmente desafiadora de qualquer maneira, e essas complicações podem aumentar o tempo de recuperação.
Sabemos que pacientes com doenças cardíacas e pressão alta, bem como os idosos, correm maior risco de complicações da COVID-19. Os sobreviventes de AVC também correm um risco maior de contrair e desenvolver sintomas graves de COVID-19.
Portanto, é ainda mais crítico para os sobreviventes de AVC tomar precauções para não contrair o vírus do que aqueles com menor risco.
A American Association of Neurological Surgeons aponta, entretanto, que a maioria das pessoas que contrai a Covid-19 não desenvolve AVC e tem apenas uma doença leve. E embora haja um risco aumentado, a maioria das pessoas se recupera bem, colocando em prática algumas recomendações:
Mantenha suas consultas de saúde. Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional são essenciais para a recuperação do AVC. O acesso a cuidados especializados irá ajudá-lo a manter a saúde a longo prazo.
Mantenha-se física e intelectualmente ativo. Mover o corpo nos ajuda a limpar a mente e eliminar a tensão. Alternar atividade física com leitura ou quebra-cabeças pode ajudar a regular nosso corpo e manter a ansiedade sob controle.
Tal como acontece com todos nós que enfrentamos preocupações, os mecanismos de enfrentamento podem ajudar os sobreviventes de AVC a gerenciar emoções difíceis e apoiar melhor o bem-estar emocional.
Mantenha seus horários e rotinas regulares o máximo possível. Quando você não puder fazê-lo, desenvolva novos que você e os membros de sua família possam seguir. Neste momento, rotinas e horários proporcionam segurança e estabilidade.
Mantenha outros hábitos saudáveis, como comer regularmente, manter uma dieta saudável e ter uma boa noite de sono.
Entre em contato frequentemente com amigos, familiares e grupos de apoio. A interação social e o apoio emocional podem fazer uma grande diferença para aliviar um pouco da ansiedade.
A estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr) é um método que vem demonstrando bons resultados no tratamento dos efeitos do acidente vascular cerebral.
Em uma sessão de estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr), colocamos bobinas magnéticas sobre o couro cabeludo do paciente. A partir dessas bobinas, pulsos eletromagnéticos curtos são entregues a áreas específicas do cérebro. Embora esses pulsos sejam quase impossíveis de detectar, eles atingem profundamente o cérebro para enviar correntes elétricas que estimulam os neurônios.
Quando os neurônios no cérebro são estimulados, eles se envolvem em um fenômeno natural conhecido como neuroplasticidade, permitindo ao cérebro que se reconecte e reatribua funções danificadas a outras áreas que não foram afetadas pela lesão.
Portanto, ao estimular regiões específicas do cérebro, a terapia EMTr pode oferecer múltiplos benefícios aos pacientes após AVC.
Artigo publicado na Progress in Rehabilitation Medicine também demonstrou que a intervenção terapêutica utilizando estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr) obteve resultados positivos para fadiga crônica associada à COVID longa e disfunção cognitiva (névoa cerebral).
É importante compreender que toda reabilitação neurológica leva tempo, mas pode ajudar substancialmente uma pessoa a melhorar sua capacidade de se comunicar com os outros e funcionar de forma independente.
Além disso, a estimulação magnética prepara o cérebro para a prática de fisioterapia. Combinar estas duas abordagens de reabilitação pós-AVC e fundamental para obter os melhores resultados.
Dr Diego de Castro é Neurologista da USP e se dedica integralmente ao universo do diagnóstico e assistência. Cuida de pacientes vítimas de AVC hemorrágico e isquêmico, por meio de uma avaliação neurológica elaborada dos sintomas motores e cognitivos do paciente e da aplicação de toxina botulínica (Botox).
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