Segundo a European Parkinson's Disease Association, um pequeno número de pessoas desenvolve parkinsonismo depois de tomar certos medicamentos. Pessoas com Parkinson também podem achar que seus sintomas pioram depois de usarem esses medicamentos. Isso é conhecido como Parkinsonismo Medicamentoso.
Parkinsonismo induzido por medicamentos é a segunda causa mais comum do parkinsonismo em idosos, após a doença de Parkinson (DP).
Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre o Parkinsonismo Medicamentoso, como ele se desenvolve, seus sintomas e tratamento.
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Existem alguns medicamentos que bloqueiam receptores de dopamina no cérebro. Esses medicamentos podem causar sintomas semelhantes ao Parkinson, porque estão imitando o efeito da perda de neurônios dopaminérgicos no cérebro.
Além de potencialmente causar parkinsonismo na população em geral, esses medicamentos devem ser definitivamente evitados em pessoas que têm parkinsonismo de outras causas, como a DP.
Antipsicóticos e tratamentos anti-náuseas compõem a maior parte dos medicamentos problemáticos, embora existam outros medicamentos que também podem causar parkinsonismo.
É importante notar, entretanto, que existem medicamentos antipsicóticos e anti-náuseas que não causam parkinsonismo e podem ser usados com segurança por pessoas com DP. Por este motivo, a Associação Americana de Doença de Parkinson fornece uma lista de medicamentos que podem causar parkinsonismo.
A American Parkinson Disease Association explica que Parkinsonismo não é tecnicamente um diagnóstico, mas sim um conjunto de sintomas, incluindo:
Esse conjunto de sintomas pode ser causado pela DP, mas também pode ocorrer como efeito colateral de certos medicamentos prescritos (para qualquer outra doença, não apenas a DP).
Muitos pacientes com Parkinsonismo Medicamentoso podem ser diagnosticados erroneamente com DP, porque as características clínicas dessas duas condições são extremamente parecidas.
O tremor de descanso (um tremor que vai embora com o movimento, mas retorna quando o membro está em repouso), por exemplo, é visto praticamente em nenhuma outra doença e, portanto, pode ser muito importante no diagnóstico de DP. Mas o Parkinsonismo Medicamentoso também induz o tremor de repouso.
Por este motivo, o Parkinsonismo Medicamentoso também deve ser considerado toda vez que a DP está sendo considerada como um diagnóstico. Revisar os medicamentos de um paciente é, portanto, um passo crítico para um neurologista ao ver alguém com parkinsonismo.
Conforme a Parkinson’s Disease Society, há diferenças importantes a serem notadas entre parkinsonismo da DP e parkinsonismo como efeito colateral da medicação.
Parkinsonismo induzido por medicamentos frequentemente afeta ambos os lados do corpo igualmente, enquanto a DP praticamente sempre afeta um lado do corpo mais do que o outro.
A DP é tipicamente acompanhada por vários sintomas não motores, como:
Estes sintomas aparecem mais cedo no curso da doença do que os sintomas motores da DP. Parkinsonismo medicamentoso normalmente abrange apenas as características motoras.
Portanto, se alguém sem diagnóstico de DP foi iniciado em um desses medicamentos e desenvolve parkinsonismo que não é simétrico em ambos os lados do corpo e, após investigação, abriga alguns dos sintomas típicos não motores da DP, um médico pode suspeitar de um potencial diagnóstico da DP.
Segundo a U.S. National Library of Medicine, além do parkinsonismo induzido por medicamentos, que inclui tremor de repouso e é causado por medicamentos que bloqueiam o receptor de dopamina, há também uma grande variedade de medicamentos que não bloqueiam o receptor de dopamina, mas podem causar outros tipos de tremores, como tremores posturais e de ação.
Quando uma pessoa tem esses tipos de tremores, mas sem a lentidão, rigidez e outros sintomas semelhantes a DP, pode ter tremor induzido por medicamentos (ao invés do parkinsonismo medicamentoso).
Os medicamentos que podem causar tremor incluem, mas não se limitam a:
Esteja atento se um tremor começa depois que qualquer nova medicação é iniciada. Se isso acontecer, discuta isso com seu médico.
Conforme a American Parkinson Disease Association, o parkinsonismo induzido por fármacos pode ser tratado por um processo de retirada gradual da medicação que causou os sintomas e substituí-lo por um tratamento diferente.
Para algumas pessoas, não é possível parar a medicação problemática. Por exemplo, algumas pessoas com transtorno bipolar ou esquizofrenia tentaram vários medicamentos para controlar seus problemas de saúde mental e o que funciona melhor também causa parkinsonismo.
Nessas situações difíceis, alguma quantidade de parkinsonismo pode ser tolerada para maximizar a saúde mental da pessoa. Esta é uma situação clínica complicada, e que normalmente exige que o psiquiatra e o neurologista trabalhem juntos para otimizar as circunstâncias.
Em alguns casos, uma pessoa sem diagnóstico de DP recebe a prescrição de um medicamento que leva a um efeito colateral do parkinsonismo induzido por medicamentos. E, mesmo que o médico retire a nova medicação, o parkinsonismo não resolve. O paciente permanece fora da medicação com sintomas contínuos, recebendo, então um diagnóstico de DP.
Nesse cenário, essa pessoa provavelmente tinha esgotamento de dopamina no cérebro (antes de entrar na medicação) que ainda não havia se manifestado como sintoma clínico. O medicamento prescrito que bloqueou o receptor de dopamina foi como "a gota d'água", induzindo os sintomas completos de esgotamento da dopamina e revelando que a pessoa tinha de fato DP.
É importante que, sendo ou não diagnosticado com DP, você esteja ciente das mudanças que podem ocorrer ao iniciar um novo medicamento. Parkinsonismo, bem como vários tipos de tremor, pode ser um efeito colateral de certos medicamentos e pode resolver com a interrupção da medicação ofensiva.
Traga todas as suas preocupações para a atenção de seus médicos e lembre-se de sempre consultar com seu médico antes de fazer qualquer alteração no seu regime de medicação.
Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP especialista em distúrbios do movimento e neurogenética. Cuida de pacientes com doenças raras e casos de difícil diagnóstico.
É muito comum pacientes com um suposto diagnóstico de Parkinson evoluirem com piora e ausência de resposta a tratamentos convencionais. Na verdade, este é um sinal de que o caso precisa ser melhor investigado. Nessa situação, há uma grande possibilidade de um diagnóstico de parkinsonismo, principalmente das formas atípicas.
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