A Miastenia Gravis Ocular (MGO) é uma forma especial de Miastenia Gravis que atinge os olhos; especificamente, é restrita aos músculos responsáveis pela movimentação dos olhos.
Segundo a Mayo Clinic os sintomas mais comuns da forma ocular da miastenia são:
O diagnóstico da miastenia gravis ocular é baseado no exame neurológico, em testes laboratoriais e na eletroneuromiografia de fibra única.
Neste artigo, Dr Diego de Castro Neurologista pela USP e especialista em Eletroneuromiografia de Fibra Única, aborda especificamente o envolvimento dos olhos na Miastenia, seus sintomas e formas de tratamento.
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Abordamos uma visão geral sobre a Miastenia gravis, suas causas e tratamento em outros artigos. Neste artigo focaremos na forma restrita ao olho (miastenia gravis ocular).
Segundo pesquisa publicada no American Journal of Ophtalmology, o envolvimento dos olhos é a primeira manifestação da Miastenia em 51% dos pacientes.
A miastenia gravis ocular ocorre por dificuldade de transmissão dos impulsos nervosos para os músculos responsáveis pela movimentação dos olhos. O ponto de comunicação entre o nervo e o músculo é denominado junção neuromuscular
A junção neuromuscular é um local microscópico onde os impulsos nervosos motores são transmitidos para a célula muscular. Nos pacientes com miastenia a junção encontra-se inflamada.
Além disso, nessa região, o nervo libera moléculas de um neurotransmissor chamado acetilcolina. Essa substância se liga a receptores no músculo, resultando em contração muscular.
Nos pacientes miastênicos, as células de defesa produzem anticorpos contra receptores da acetilcolina no músculo. Os anticorpos impedem que a acetilcolina se ligue ao músculo, causando fraqueza muscular.
A causa da Miastenia e o motivo para que uma pessoa desenvolva anticorpos contra receptores de acetilcolina ainda não está totalmente esclarecida. Há uma possível associação com doenças autoimunes, especialmente problemas da tireóide, lúpus eritematoso sistêmico ou artrite reumatoide.
Os músculos dos olhos são mais afetados na Miastenia porque têm uma grande demanda de acetilcolina. Isso os torna mais suscetíveis à fadiga e à fraqueza.
Além disso, as fibras da musculatura dos olhos permanecem contraídas praticamente o tempo todo, pois sustentam a posição do olhar de acordo com a movimentação da cabeça.
As fibras oculares representam um tipo muscular distinto com expressão diferencial de numerosos genes, incluindo aqueles associados à resposta imune o que os torna mais vulneráveis a inflamação.
Quando a Miastenia atinge os músculos dos olhos os sinais e sintomas mais comuns são:
A fraqueza do músculo que mantém os olhos abertos (músculo levantador da pálpebra) deixa a pálpebra superior anormalmente baixa, situação denominada ptose palpebral.
O estrabismo é uma condição em que o paciente pode ficar “vesgo” e com visão dupla que é a percepção de duas imagens de um único objeto (diplopia).
Alguns pacientes podem evoluir com o estrabismo de maneira muito lenta e, assim, o cérebro se acomoda e ao invés de visão dupla, os pacientes têm uma percepção de estar enxergando “embaçado”.
Em cerca de 45% dos pacientes a doença pode permanecer restrita aos olhos e em 55% a doença pode envolver outros músculos.
O envolvimento dos músculos da face (sorrir), boca e garganta (faringe) pode levar ao surgimento de disartria lingual, bucal ou palatal (voz nasalada), disfagia e dificuldades na mastigação.
Sintomas além dos olhos pode ser sinal de generalização da miastenia. Na maioria dos casos, a progressão para a forma generalizada ocorrerá nos primeiros 2 anos após o início dos sintomas oculares.
O diagnóstico do envolvimento dos olhos pela Miastenia se baseia na história, exame neurológico, testes laboratoriais e eletroneuromiografia:
No diagnóstico de Miastenia gravis ocular, recomendam-se tanto os estudos de estimulação nervosa repetitiva quanto a eletromiografia de fibra única.
O tratamento da forma ocular visa melhorar a fraqueza muscular (aliviando assim os sintomas de diplopia e ptose) e diminuir o risco de generalização da doença. O tratamento inclui:
As cirurgias no olho para Miastenia têm principalmente utilidade estética e não curam a doença. Entenda os procedimentos que podem ser indicados:
Tanto a cirurgia de blefaroptose quanto a de estrabismo não são curadoras da doença. Essas cirurgias podem melhorar temporariamente a estética ocular, mas em caso de descontrole da doença pode haver perda do seu benefício.
Dr Diego de Castro é médico Neurologista pela USP, especialista em Miastenia, Eletroneuromiografia e Doenças Neuromusculares com experiência no diagnóstico,tratamento e cuidado de pacientes miastênicos também em sua forma ocular.
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Bom dia. Vivo em Portugal, tenho 77anos acerca de um mês de repente as palpebras começaram a fechar-se. Fui a uma consulta de oftalmologia e informaram-me que o meu caso era do foro neurológico. Fizeram diversos testes e receitaram-me uns comprimidos cujo nome é:- Mestinon a verdade é que os sintomas desapareceram. Continuo a fazer exames porque me informaram que este tipo de doença,não deveria dar em pessoas da minha idade. Obrigado pela disponibilidade, colocando os seus conhecimentos ao serviço da causa pública