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Como Lidar com Tontura na Doença de Parkinson

Dr Diego de Castro
01/01/2025
Dr Diego de Castro Neurologia
Autor: 
Dr. Diego de Castro dos Santos

CRM-SP 160074 / CRM-ES 11.111
Neurofisiologia clínica - RQE 74154
Neurologia - RQE 74153.
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Segundo a Parkinson's Foundation, a Tontura na Doença de Parkinson é um sintoma que pode ocorrer devido a alterações na pressão arterial, frequentemente causadas pelo impacto da doença no sistema nervoso autônomo, responsável pela regulação da pressão, ou como efeito colateral das medicações utilizadas no tratamento.

Usamos o termo hipotensão ortostática para descrever esta condição e a classificamos entre os sintomas não motores da doença de Parkinson. Embora este sintoma seja comum, pode dificultar a mobilidade e levar a quedas, fraturas e prejudicar a qualidade de vida.

Neste artigo, Dr Diego de Castro, Neurologista e Neurofisiologista pela USP, explica sobre a tontura na doença de Parkinson, porque ela acontece e como podemos manejar esta condição.

Hipotensão Ortostática e Tontura no Parkinson

De acordo com a International Parkinson and Movement Disorder Society, a hipotensão ortostática (HO) é a principal causa da tontura em pacientes com doença de Parkinson (DP). Também conhecida como pressão arterial baixa postural, é uma queda na pressão arterial que ocorre quando você passa da posição deitada para sentada ou sentada para em pé.

Certos medicamentos (incluindo aqueles para pressão alta), desidratação e condições como doenças cardíacas aumentam esse risco.

Danos causados por distúrbios neurológicos, incluindo Parkinson, podem fazer com que o sistema nervoso não seja capaz de produzir ou liberar norepinefrina, uma substância química que contrai os vasos sanguíneos e aumenta a pressão arterial. Isso causa tontura ou desequilíbrio.

Outros sintomas de hipotensão ortostática incluem:

  • Fraqueza
  • Dificuldade de raciocínio
  • Dor de cabeça
  • Visão turva ou esmaecida

No início do Parkinson, você pode não notar tontura, mas ter pensamentos nebulosos ou problemas de memória.

Outras Causas da Tontura em Pacientes com Parkinson

Conforme artigo publicado na Scientific reports, além das alterações na pressão arterial, a tontura em pacientes com Parkinson pode estar associada a diversos outros fatores, que devem ser considerados ao investigar o sintoma. Entre as principais causas, destacam-se:

  • Medicações - As medicações utilizadas no tratamento da Doença de Parkinson, como levodopa e agonistas dopaminérgicos, podem causar tontura, devido à redução da pressão arterial ou como parte de outros efeitos adversos relacionados ao uso prolongado ou ao ajuste das doses.
  • Desidratação - Pacientes com Parkinson podem ter maior dificuldade em manter uma hidratação adequada devido a problemas de mobilidade, redução na percepção de sede ou alterações no sistema nervoso que afetam o equilíbrio de líquidos no corpo. A desidratação pode levar à queda de pressão arterial e, consequentemente, à tontura.
  • Problemas no Ouvido Interno - Distúrbios no ouvido interno, como labirintite ou vertigem posicional paroxística benigna (VPPB), podem ser causas independentes de tontura em pacientes com Parkinson. Esses problemas afetam o equilíbrio e podem ser confundidos com os sintomas relacionados à doença.
  • Interação Medicamentosa - Pacientes com Parkinson frequentemente utilizam múltiplos medicamentos para tratar sintomas motores e não motores da doença, além de outras condições de saúde. A interação entre essas medicações pode causar efeitos inesperados, como tontura, aumentando a complexidade do manejo clínico.
  • Ansiedade e Depressão - Distúrbios psicológicos como ansiedade e depressão são comuns em pessoas com Parkinson e podem influenciar a percepção de tontura. Episódios de ansiedade podem desencadear hiperventilação, que causa sensação de tontura, enquanto a depressão pode agravar a sensação de fraqueza ou desequilíbrio.
Tontura em Pacientes com Parkinson

Ao identificar a causa da tontura, é essencial que o médico avalie o histórico clínico completo do paciente, incluindo o uso de medicamentos, condições associadas e hábitos de vida. Um diagnóstico preciso pode ajudar a ajustar o tratamento, minimizar o impacto desses sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Gerenciando a Tontura na Doença de Parkinson

Pessoas com Parkinson precisam realizar uma triagem para hipotensão ortostática pelo menos uma vez ao ano. Isso é feito medindo sua pressão arterial deitado e depois em pé. Uma queda acentuada na pressão arterial pode indicar a presença de hipotensão ortostática.

Se você receber um diagnóstico de HO, seu médico pode iniciar a redução ou eliminação de certos medicamentos (como anti-hipertensivos, medicamentos que reduzem a pressão arterial e alguns medicamentos dopaminérgicos, aqueles que estimulam partes do cérebro influenciadas pela dopamina).

Mas você também pode ajudar no gerenciamento deste sintoma. Abaixo estão algumas recomendações da Parkinson's UK para controlar a pressão arterial baixa se você tiver Parkinson:

  • Beba bastante água - quando você está desidratado, sua pressão fica mais baixa. Beber bastante água é especialmente importante para regular a pressão arterial.
  • Certifique-se de comer muita fibra - a constipação pode piorar os sintomas de Parkinson, e o esforço de forçar os músculos pode fazer você se sentir fraco.
  • Evite mudar de posição muito rapidamente - por exemplo, se você está se vestindo, pode fazer isso em etapas lentas, sentado. Aprender a se adaptar e mudar a maneira como você faz as coisas pode ser difícil, mas pode diminuir o risco de possíveis problemas e ajudá-lo a permanecer independente.
  • Evite curvar-se - peça ajuda ou use outras estratégias e ajuda para obter as coisas de um nível inferior. Novamente, isso requer um pouco de ajuste, mas pode valer a pena. Fale com um terapeuta ocupacional para obter mais conselhos.
  • Tome cuidado ao sair da cama - mova-se lentamente de deitado para sentado e em pé, pois a pressão arterial é naturalmente mais baixa pela manhã.
  • Considere elevar a cabeceira da cama - um terapeuta ocupacional pode aconselhá-lo sobre a utilidade desta estratégia para seu caso específico.
  • Evite beber bebidas com cafeína à noite - a cafeína pode aumentar o risco de tonturas ao sair da cama. Isso ocorre porque é desidratante e pode fazer você querer urinar mais à noite.
  • Coma refeições pequenas e frequentes, em vez de uma refeição grande e pesada - a digestão dos alimentos leva o sangue do cérebro para o estômago e pode fazer com que as pessoas sintam fraqueza após uma grande refeição. Deitar ou ficar parado por um tempo depois de comer pode ajudar.
  • Evite ficar sentado ou parado por muito tempo - mover-se um pouco de tempos em tempos pode impedir que sua pressão arterial caia. Uma recomendação é mover os tornozelos e os pés para cima e para baixo para estimular a circulação antes de se levantar.

É importante obter ajuda e aprender sobre como evitar quedas. Mesmo que você nunca tenha caído antes, a ansiedade ou o medo de cair podem piorar sua tontura e aumentar a chance de isso acontecer.

Práticas como fisioterapia e terapia ocupacional podem melhorar sua mobilidade, habilidades de percepção e força e adaptar estratégias que ajudem a reduzir o risco de quedas. Converse com seu médico sobre um encaminhamento para estas especialidades o mais rápido possível após o diagnóstico.

Referências

Dr Diego de Castro Neurologista

Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP especializado em Doença de Parkinson e Distúrbios do Movimento.

Além deste artigo sobre a cura do mal de Parkinson, disponibiliza outros conteúdos sobre a condição. Clique nos links para saber mais sobre temas da Doença de Parkinson (DP):

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Dr Diego de Castro dos Santos é Neurologista pela USP e responsável pelo Serviço de Especialidades Neurológicas – Eletroneuromiografia. Atua como neurologista em Vitória Espírito Santo ES e em São Paulo no tratamento de Dor de Cabeça, Depressão, Doença de Parkinson, Miastenia gravis e outras doenças. Também se dedica a reabilitação de pacientes com AVC, distonias e crianças com paralisia cerebral, por meio de aplicação de toxina botulínica (Botox) e neuromodulação.
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