A toxina botulínica na enxaqueca crônica é uma forma de tratamento aprovada pela ANVISA, especialmente para o uso profilático de novas crises. Neste artigo, vamos abordar alguns detalhes sobre este tratamento, com o objetivo de esclarecer as suas dúvidas.
Toxina Botulínica na Enxaqueca Crônica
A toxina botulínica teve seu uso terapêutico iniciado no século XX, sendo integrada no ramo da neurologia no início dos anos 90, após se mostrar benéfica e efetiva em condições associadas a contrações musculares excessivas e involuntárias. Estudos posteriores demostraram que além do relaxamento da musculatura a toxina botulínica atuava modulando estruturas neurológicas relacionadas também a dor. Esse conceito norteou as pesquisas do uso da toxina em condições neurológicas como a dor neuropática, a dor na lesão medular e a dor de cabeça da enxaqueca crônica
Características da Enxaqueca Crônica
A enxaqueca crônica configura um tipo de cefaleia em que o paciente apresenta dor de cabeça associada a outros sintomas durante 15 dias ou mais por mês.
O paciente também pode apresentar maior sensibilização central à dor e maior facilidade para sentir dores em todo o corpo, o que gera um impacto negativo em sua qualidade de vida, aumentando os riscos de depressão, ansiedade e distúrbios do sono.
Ação da Toxina Botulínica
A Toxina Botulínica é uma neurotoxina produzida por uma bactéria chamada Clostridium botulinum. Estas são as neurotoxinas potentes, com mecanismos de ação específicos, que se usadas erroneamente têm alta toxicidade.
A toxina botulínica é muito conhecida dos brasileiros pelo seu uso na dermatologia com agente de rejuvenescimento sob a marca comercial Botox.
Após a aplicação intramuscular, a Toxina Botulínica faz uma rápida e irreversível ligação com as terminações nervosas da junção neuromuscular, inibindo a liberação de neurotransmissores de acetilcolina. Assim, a toxina inibe a contração do músculo, o que explica seu benefício nos distúrbios em que ocorrem excesso dessa contração.
Após atingir a junção neuromuscular, parte da molécula da toxina também é capaz de entrar no neurônio inibindo a liberação de neurotransmissores relacionados ao estímulo doloroso. Esse processo ocorre não só no ponto de aplicação, mas em toda rede neuronal associada. O resultado é a modulação da transmissão dos sinais dolorosos pelo cérebro.
A partir dessa descoberta novos estudos começaram a ser realizados, a fim de analisar a capacidade da toxina botulínica no tratamento preventivo das dores de enxaqueca crônica.
Aplicação e Efeitos da Toxina Botulínica na Enxaqueca
A toxina botulínica é aplicada em aproximadamente 31 pontos localizados na cabeça, pescoço e ombros, por meio de injeções intramusculares.
Seu efeito consiste em aliviar a sensação de pressão causada pela tensão muscular. Ocorre também uma inibição da sensibilização central, interrompendo o ciclo de dor e a sensibilização.
Entre 24 e 72 horas de aplicação já é possível perceber o início dos efeitos, com considerável melhora clínica entre 7 a 10 dias. A duração do efeito é variável entre 2 a 6 meses, sendo observada uma redução do número de dias que o paciente sente dor, da intensidade e da duração de cada crise.
Toxina Botulínica na Enxaqueca – Há Efeitos Colaterais?
Os efeitos colaterais relacionados à aplicação de toxina botulínica podem ocorrer, principalmente, devido à realização da infiltração. Os mais relatados são dor, edema ou pequenos hematomas.
Estes possíveis efeitos colaterais podem ser aliviados com o uso de analgésicos e cuidados locais, como aplicação de gelo, desaparecendo em alguns dias. É importante relatar ao seu médico o aparecimento desses sintomas, para que ele prescreva o tratamento adequado.
É válido ressaltar que a aplicação de toxina botulínica é uma das abordagens utilizadas no tratamento da enxaqueca crônica, mas não a única. A associação da toxina botulínica com terapias corporais, assim como a modificação dos fatores desencadeantes, são necessárias para garantir o sucesso do plano terapêutico.
Quando consideramos que o uso da toxina diminui o número de dias com dor de cabeça, número de idas ao pronto-socorro e internações ao longo de 3 meses entendemos que o tratamento é realmente eficaz e os possíveis efeitos colaterais tornam-se pequenos diante dos benefícios.
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