São inúmeros os benefícios da musicoterapia para as doenças neurológicas. Segundo a American Music Therapy Association, a musicoterapia é uma "forma especial de terapia que utiliza a música como base de tratamento e reabilitação".
A música possui uma capacidade única de acessar sistemas afetivos, motivacionais e de memória no cérebro. Devido sua estrutura em ritmo, compasso e melodia, que funde um sistema organizado a um componente emocional e intuitivo, ela é capaz de aprimorar os processos de:
Neste artigo, Dr Diego de Castro Neurologista pela USP explica como a música e a musicoterapia são utilizadas no tratamento de diversas condições neurológicas.
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A música é uma linguagem universal, artística, que está presente em toda a história da humanidade. Também é utilizada desde tempos antigos para:
Além disso, a música desempenha um importante papel na socialização e coletividade da espécie humana e ainda se desdobra em outras atividades artísticas criativas como a dança.
Na medicina, a música pode ser usada como uma modalidade complementar para acessar funções cerebrais indisponíveis por meio de estímulos não musicais. De acordo com o Neurologic Music Therapy Service nos Estados Unidos, a musicoterapia é a ciência que se dedica a reabilitação de doenças neurológicas e psiquiátricas por meio de estímulos musicais. Processos cerebrais ativados pela influência da música podem ser generalizados e transferidos para funções não musicais.
Portanto, na prática clínica, exercícios terapêuticos de musicoterapia podem ser realizados para:
Em neurologia, a musicoterapia é uma forma de estimulação cerebral utilizada no tratamento de:
Estudos de resultados clínicos fornecem evidências da superioridade significativa da reabilitação com música sobre sua realização sem música.
A música pode estimular muitas áreas cerebrais simultaneamente. Do ponto de vista de localização cerebral, a música estimula inicialmente duas grandes regiões básicas:
Essas regiões também são fortemente associadas às nossas memórias afetivas e a nossa motivação e são capazes de ativar outras regiões cerebrais afetando diretamente nossos sentidos. Como resultado, a música pode ter um impacto direto no funcionamento físico, emocional e cognitivo do indivíduo.
De acordo com The Academy of Neurologic Music Therapy, a musicoterapia neurológica mostrou ser um tratamento efetivo para indivíduos com distúrbios neurológicos, pois aumenta a neuroplasticidade no cérebro: a capacidade natural do cérebro para mudar e criar novos caminhos neurais, a fim de se adaptar às mudanças.
Melhorar a neuroplasticidade através da música pode ajudar os pacientes que sofrem de déficits de linguagem, cognitivos e motores.
A musicoterapia pode ser usada para o tratamento de distúrbios da voz, fala e linguagem. O canto e a fala estão interligados, compartilhando papéis e fundamentos semelhantes em nossos cérebros.
Quando falamos, usamos naturalmente elementos musicais como ritmo, tempo e tom. No entanto, algumas condições neurológicas podem afetar diretamente a região relacionada ao ‘ato de falar’, mas podem poupar o ato de cantar.
Uma observação muito frequente disso são os pacientes vítimas de disfemia (“gagueira”) em que cantar pode permanecer inalterado, mesmo com a grande dificuldade em falar em público.
Em um outro exemplo, um indivíduo pode ser diagnosticado com Afasia (dano às estruturas cerebrais que controlam a linguagem). A afasia é uma complicação comum de casos graves de AVC e também pode ocorrer sob a forma de uma doença degenerativa como na Afasia Progressiva Primária. As técnicas de musicoterapia neurológica auxiliam o reaprendizado de “como falar” através do efeito da música.
Além do AVC, o tratamento com Musicoterapia pode ser uma ferramenta eficaz para incentivar a comunicação em indivíduos com vários diagnósticos, incluindo Doença de Parkinson, Traumatismos Cerebrais e outras doenças degenerativas.
A dopamina, conhecida como uma “molécula de motivação”, é um neurotransmissor relacionado ao prazer que é liberado no cérebro quando nossos sentidos são estimulados.
Ouvir música, dançar e comer boa comida são exemplos de experiências positivas que estimulam nossos sentidos e desencadeiam a liberação de dopamina como recompensa e reforço para respostas apropriadas a certos estímulos.
Baixos de dopamina associam-se a falta de habilidades como atenção, memória e autocontrole. Na verdade, os níveis de dopamina são deficientes em indivíduos que sofrem de doença de Parkinson e TDAH.
A musicoterapia tem os seguintes benefícios para esses indivíduos:
No caso específico dos pacientes com Doença de Parkinson é conhecido o impacto positivo da música e dança. Além de mais motivados, os pacientes que realizaram prática de dançar tango (pesquisa conduzida na Argentina) apresentaram melhora significativa do andar e do equilíbrio.
A música explora nossas emoções e cria uma atmosfera não-invasiva e não ameaçadora, na qual os indivíduos têm a oportunidade de serem criativos, terem controle sobre o ambiente, socializar e expressar suas emoções. Exemplos de intervenções de musicoterapia podem ser:
Musicoterapia é uma abordagem terapêutica, motivadora e divertida, cada vez mais reconhecida por sua capacidade de auxiliar no tratamento de indivíduos com distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Converse com o seu neurologista de confiança sobre como aproveitar os benefícios dessa prática no seu tratamento.
Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP e cuida de pacientes com diversas doenças neurológicas.
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