A Distonia Oromandibular é uma condição neurológica que causa contrações involuntárias dos músculos da face, boca e mandíbula. Imagine só: você tenta falar, mastigar ou engolir, e seus músculos não respondem como deveriam! Este é um tipo incapacitante de distonia focal que pode impactar muito na autoestima dos indivíduos.
Neste artigo, Dr Diego de Castro Neurologista pela USP especialista em distonia explica a distonia oromandibular, seus sintomas, diagnóstico e tratamento.
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Segundo a Mayo Clinic, a distonia é um grupo de doenças caracterizadas por contrações musculares involuntárias que resultam em posturas anormais ou tremores. As contrações involuntárias podem ser:
A distonia oromandibular é um tipo de distonia complexa que envolve a boca, língua e músculos da mastigação. Ela pode ocorrer:
Em geral, a distonia oromandibular acomete mais mulheres e geralmente se inicia por volta dos 50 anos. Assista ao vídeo e saiba mais:
Segundo pesquisa publicada na Revista Brain, a causa da distonia oromandibular não é completamente esclarecida. No entanto, como em outras formas de quadro distônico, as causas da distonia oromandibular são divididas em 2 grandes grupos:
Na maioria dos casos, a distonia oromandibular é primária. Em cerca de 50% dos indivíduos ela compõe um quadro segmentar, em que há envolvimento associado da face ou do pescoço, em especial de:
Em particular, a distonia oromandibular associada a contração distônica dos olhos compõe um quadro neurológico denominado Síndrome de Meige.
Os sintomas da Distonia Oromandibular são distintos e podem variar entre os indivíduos a depender de quais músculos são mais envolvidos. Segundo pesquisa do Journal of Movement Disorders, os pacientes podem relatar os seguintes sintomas:
Comumente, os pacientes procuram auxílio primeiro com o dentista, devido a dificuldade de morder, dor ou estalido da articulação temporomandibular.
Segundo pesquisa da National Libray of Medicine, preferencialmente, o diagnóstico da distonia oromandibular é feito por um neurologista especialista em distúrbios do movimento. Para adequado diagnóstico são utilizados:
O diagnóstico se baseia principalmente na história clínica e na identificação das contrações musculares involuntárias. Os exames de imagem são solicitados para avaliar a presença de causas secundárias da distonia oromandibular. Na grande maioria dos casos, esses exames são normais.
O exame de eletroneuromiografia é um exame complementar que pode demonstrar com precisão as contrações distônicas, quantificando-as. Este exame pode orientar quais músculos estão mais ativos, auxiliando bastante no tratamento (ver abaixo).
O teste genético é solicitado em casos selecionados, principalmente em indivíduos jovens e na presença de distonia generalizada.
A distonia oromandibular não tem cura e, por isso, o tratamento pode ser complexo e desafiador. Segundo a The Dystonia Society, as principais abordagens de tratamento são:
Os medicamentos atuam diminuindo a contração muscular involuntária. Além disso, eles podem promover diminuição da dor. A resposta de cada paciente é variável e muitas vezes é necessário combinar vários medicamentos para obter algum benefício.
De acordo com a Dystonia Medical Research Foundation of Canada, entre os remédios empregados estão:
A maioria dos pacientes apresenta melhora discreta de 20% do quadro distônico. Por esse motivo, o melhor é sempre combinar os medicamentos com a aplicação de toxina botulínica.
De acordo com pesquisa da SAGE Journal, a aplicação de botox é o melhor tratamento da distonia oromandibular. A medicação é aplicada em cada músculo hiperativo de maneira específica. O Botox é aplicado por meio de injeções.
A toxina botulínica atua inibindo a liberação de acetilcolina do nervo sobre o músculo, o que reduz a contração muscular involuntária. Além disso, ela diminui a transmissão de sinais dolorosos, diminuindo a dor. Assista ao vídeo e saiba mais sobre o mecanismo de ação da toxina botulínica:
De acordo com a Academia Americana de Neurologia, em relação à aplicação de botox, é importante saber:
É importante lembrar que a toxina não cura a condição. A depender do caso, ela promove diminuição do quadro distônico em cerca de 30-50%. Seu benefício é maior a partir da terceira aplicação.
Além disso, alguns pacientes podem apresentar efeitos colaterais transitórios após aplicação, como: Sensação de fraqueza na boca, alterações da saliva ou da deglutição.
Segundo a Dystonia Medical Research Foundation of Canada, outras terapias devem ser sempre associadas a medicamento e aplicação de botox no tratamento da distonia oromandibular. Entre elas:
Um fonoaudiólogo com experiência em distonia oromandibular pode ajudar nos exercícios adequados. Esse profissional também auxilia na reabilitação dos pacientes após aplicação de toxina botulínica.
Esteja atento que fatores emocionais e problemas de sono pioram muito a contração involuntária. Não descuide desses cuidados gerais com sua saúde e bem-estar.
Algumas vezes, mesmo após toda combinação de tratamentos, o paciente não atinge uma melhora mínima de 50%. Nesses casos refratários podemos considerar técnicas de neuromodulação:
Essas 2 formas de terapia devem ser avaliadas caso a caso, uma vez que são tratamentos ainda em fase experimental. Lembre-se que o tratamento da distonia oromandibular é individualizado e deve ser adaptado às necessidades de cada paciente. O acompanhamento médico regular com um neurologista especialista é fundamental para o sucesso do tratamento.
Dr Diego de Castro é Neurologista pela USP especialista em distonia e distúrbios do movimento. Atua na reabilitação da distonia oromandibular e outros quadros distônicos com aplicação de botox guiado por eletroneuromiografia e estimulação cerebral profunda.
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